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  • Renata Nalim

Venezuela registrou 151 casos de feminicídio entre janeiro e julho de 2021

Sem dados oficiais, organizações como o Centro Justiça e Paz (Cepaz) contabilizam o índice mensal de feminicídio

Foto: DesdeLaPlaza.com

Na Venezuela, o mês de julho de 2021 foi marcado por pelo menos um feminicídio a cada 24 horas, de acordo com a organização Centro Justiça e Paz (Cepaz). Ainda no mês, houve registro de 26 casos de feminicídio consumado e sete frustrados. Dados contabilizados desde o início do ano até julho apontam que foram documentados 151 casos, e 59 crianças ficaram órfãs pelo feminicídio de suas mães.


Os números oficiais de violência contra a mulher são desconhecidos no país, impossibilitando a aplicação de políticas públicas voltadas para a prevenção e erradicação das agressões.


No mês de julho, 26,9% dos casos de feminicídio consumados ocorreram no Estado de Bolívar, 15,4% no Estado do Aragua, 11,5% aconteceram no Estado de Carabobo e 11,5% no Distrito da Capital. Houve dois feminicídios frustrados, sendo um em Miranda e outro em Zulia.


Nos casos de feminicídios consumados, 100% não realizaram queixa anterior contra o infrator, o mesmo aconteceu nas tentativas de feminicídio, não houve menção de queixa anterior apresentada contra o agressor. A falta de denúncias é influenciada pelo acesso limitado das mulheres aos órgãos do país ou às redes de apoio jurídico e psicológico.


O desconhecimento dos policiais e das autoridades judiciárias venezuelanas nos casos de violência de gênero dificulta que mulheres denunciem, pois “em muitos casos são revitimizadas pelos mesmos agentes”, afirma Luciana Barrios, advogada especializada em direitos da mulher. Ela acrescenta que “há uma boa chance da mulher desistir de denunciar”. Outro problema é a ausência, em algumas localidades na Venezuela, do acesso a uma instituição estatal que permita denunciar. Em muitos dos casos, as mulheres precisam viajar para outra cidade do país para serem atendidas.


Segundo Luciana Barrios, na Venezuela, a violência contra a mulher se normalizou graças às construções sociais, sendo assim é importante educar e informar a todas as pessoas sobre a violência contra as mulheres.


“A educação é necessária nos servidores públicos, em casa, na escola, no trabalho e nas universidades. Hoje são muitos os candidatos: nenhum deles fala em políticas públicas sobre o assunto. Isso acontece porque são ignorantes ou porque não se importam com isso. Enquanto não derem importância à violência, não vão oferecer políticas públicas e vamos continuar a girar em torno de índices mais elevados e seguidos de feminicídios ”, afirma.



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