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Suspeito de assassinar adolescente de 16 anos é solto no mesmo dia do enterro do adolescente

  • Foto do escritor: Femme News
    Femme News
  • 22 de jul. de 2020
  • 3 min de leitura

“Velar meu filho é muito difícil. Eu já estava com crise de depressão, agora, imagina a dor que é enterrar um pedaço meu! O bem maior que nós temos são nossos filhos”, lamenta a mãe do menino.


Por Natasha Silveira


Foto: Rede Social

Neste domingo (19), um menino de 16 anos, Josué Nogueira, morreu depois de receber um tiro em sua nuca enquanto estava com os seus amigos, em Montes Claros (MG), e o barulho causado pelos adolescentes incomodou o agente penitenciário que morava próximo ao local e disparou o tiro. O agente foi preso, mas foi solto nesta segunda-feira (20), o mesmo dia em que o corpo de Josué foi sepultado no Cemitério Parque Jardim da Esperança, em Montes Claros.


“Foi execução. Por qual motivo eu não sei, mas foi. Meu filho era um menino bom, trabalhou como jovem aprendiz, ajudava em tudo”, desabafa a mãe do menino, Ronilda Teixeira. Ela relata que o menino saiu de casa na noite de sábado (18) para ir na casa de uma amiga, que é de frente para a casa do suspeito, algumas horas depois Josué se encontrou com outros amigos e o barulho dos adolescentes seria o motivo de irritação do agente, “Com a arma, ele ameaçou os meninos, porque estavam atormentando, fazendo barulho demais’. Mandou que eles calassem a boca, como não calaram, correu atrás deles. Os colegas de

Josué conseguiram avançar, só que meu filho estava de sandália, por isso, quando foi escapar, perdeu um par. Voltou para pegar e quando ele abaixou, o policial, a sangue frio, atirou na nuca. Foi à queima roupa”, detalha a mãe.


O pai do adolescente, Antônio José Nogueira, foi quem recebeu a notícia da morte do filho, porém quando chegou ao local ele já estava morto. “Foi covardia. Ele atirou no menino pelas costas. Não tem como alguém assim exercer essa profissão e ainda ter o direito de andar armado”, desabafa o pai. Nas redes sociais, os familiares precisaram se impor diante a alguns comentários racistas sobre o menino, onde o acusavam de "drogado" e "vagabundo" e diziam “quem procura acha”, entretanto outros internautas subiram a hashtag "#JusticaPorJosue" nas redes sociais em homenagem ao menino e pedindo que ajustiça seja feita sobre a sua morte.


Nesta segunda-feira, a Polícia Civil iniciou o inquérito para investigar o assassinato, segundo o delegado de Homicídios, Bruno Rezende da Silveira, o agente penitenciário alegou "legítima defesa". O suspeito disse que o grupo de meninos havia jogado pedras e garrafas no telhado da sua residência e que, depois de reclamar pela quarta vez, decidiu atirar na direção do grupo e atingiu o adolescente. A família de Josué, no entanto, desmentiu a versão apresentada pelo suspeito e argumenta que o disparo foi feito a sangue frio.


A defesa do servidor público alegou que o suspeito possui endereço e trabalhos fixos, portanto "não oferece perigo para sociedade", e por essa razão estará à disposição da Justiça para aguardar o julgamento em liberdade. “A gente fica muito revoltada em saber que antes do sepultamento do meu sobrinho, a pessoa que tirou a vida dele já está de volta à liberdade. Isso dói e provoca revolta em qualquer um”, lamentou Ellen, tia de Josué. Os familiares do adolescente relataram que o suspeito já havia tido comportamentos agressivos, como atira em placas quando estava alcoolizado e também ameaçar outras pessoas por possuir o porte de arma autorizado.


Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) e o Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG), informaram "com muito pesar" que tomaram conhecimento do ocorrido envolvendo o policial penal. “No entanto, antecipadamente, caso comprovado em investigação competente já instaurada pela Polícia Civil de Minas Gerais, repudiam veementemente o possível comportamento inadequado com uso de arma de fogo por um policial penal, envolvido nessa ocorrência”, ressaltaram.


Também informaram que haverá "rigorosa apuração dos fatos no âmbito administrativo" pelo Depen-Mg, além da investigação criminal feita pela Polícia Civil. A Sejusp destacou que “de acordo com informações preliminares, o servidor estava fora do horário de serviço e fez uso inapropriado do seu instrumento de trabalho, cuja utilização se restringe à defesa pessoal, atrelada ao seu exercício funcional de custódia e ressocialização de detentos”.

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