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  • Renata Nalim

Mulheres Afegãs vão às ruas por igualdade no governo talibã

Talibãs utilizaram gás lacrimogêneo para dispersar a manifestação; "não eram forças talibãs comuns", disse ativista

Mulheres afegãs protestam por igualdade em Cabul; jornalistas foram proibidos de filmar passeata. Foto: Reprodução/Twitter

No sábado (4), mulheres militantes afegãs foram às ruas, pela segunda vez, pedindo a inclusão e a preservação dos seus direitos sob a nova liderança no Afeganistão. Durante o protesto, ativistas que marcharam em direção ao Palácio Presidencial a partir da área de Pul-e-Mahmoud Khan, a leste do Palácio, foram impedidas por forças especiais Talibãs. Segundo relatos, o grupo fundamentista usou gás lacrimogêneo para despertar a manifestação e "baterem em várias mulheres”.



O protesto que começou com 50 mulheres a marchar em direção ao Palácio Presidencial marca a quarta vez que as mulheres em Cabul e na cidade de Herat reivindicam e exigem seus direitos no futuro governo liderado pelos Talibãs. Na manifestação, Razia Barakzai afirmou que as manifestantes foram detidas perto da entrada do ministério das finanças, onde os Talibãs as "cercaram" e impediram de continuar a sua marcha em direção à entrada do Palácio. E acrescentou que “a passeata estava pacífica o tempo todo, mas eles (talibãs) queriam nos deter a qualquer custo”.

Mulheres exigem direito ao trabalho e um lugar à mesa nas discussões com os Talibãs. Foto: Reprodução/Twitter

Barakzai relata que a marcha foi uma resposta para a recente declaração do líder sênior do Talibã, Sher Mohammad Abbas Stanikzai, que durante uma entrevista disse que "não pode" haver lugar para as mulheres nos escalões superiores de um futuro governo liderado pelos Talibãs.


"Como é suposto termos os direitos que nos prometeram se não estamos nos papéis decisórios do governo ou envolvidos em conversações com os Talibãs", expressou Barakzai.


Em conferência com a imprensa, em 17 de agosto, o talibã afirmou que o grupo “está empenhado nos direitos das mulheres no quadro da Sharia (lei islâmica)” e complementou que mulheres e homens “têm os mesmos direitos”. Entretanto, Barakzai relata que as mulheres não viram qualquer prova desse empenho e destaca que ao tentarem abordar integrantes do talibã para dialogar sobre questões dos direitos e da participação das mulheres foram “afastadas”.


"Eles davam uma desculpa para não termos a papelada certa ou para não estarmos lá na altura certa, mas parece que eles não querem falar connosco", disse ela, acrescentando que as mulheres continuarão mobilizando manifestações até que o Talibã dê uma resposta adequada.


Monsa Mobarez, uma das organizadoras da manifestação, disse que o grupo extremista durante o cerco às manifestantes disparou gás lacrimogêneo, ataques aéreos e cassetetes. E, afirmou que uma mulher foi atingida “como resultado da violência das forças do Talibã”. Imagens dos meios de comunicação mostram a jovem, Narges Sada, com sangramentos na cabeça.

Narges Sada ferida na cabeça após cerco do Talibã na manifestação em Cabul. Foto: Reprodução/ Twitter

O porta-voz e chefe do Ministério da Informação e Cultura do Talibã, Zabihullah Mujahid, não comentou a violência do grupo contra as ativistas. A ação violenta do Talibã vem se replicando em diversos protestos realizados por mulheres ativas. Além dos registros da manifestação de sábado, na sexta-feira (3) o protesto de afegãs que clamavam por “educação, trabalho e liberdade” foi recebido com violência pelo grupo extremista.

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