Setor do turismo ainda não possui previsão de retomada das atividades

Em Espírito Santo, cerca de 79,8% dos profissionais precisaram interromper os serviços e migrarem para outras áreas

Por: Natasha Silveira

Uma das áreas mais prejudicadas pela pandemia da Covid-19 foi o setor de turismo, incluindo guias, agências e hotéis. Por determinação do governo, todas as viagens e passeios precisaram ser cancelados, o que resultou na pausa de diversos profissionais que tiravam do turismo sua única fonte de renda, a grande maioria de forma autônoma. Pela lei, os trabalhadores autônomos teriam direito a receber o Auxílio Emergencial oferecido pelo governo, entretanto não foi o que ocorreu, milhares de guias e profissionais do turismo tiveram seus cadastros reprovados e muitos ainda aguardam em análise. Enquanto isso, grandes agências e hotéis renomados por todo o país tiveram que fechar as portas.

Desde o dia 15 de março, quando iniciou o fechamento da economia no país, a taxa de ocupação nos hotéis caiu mais de 80%, em pesquisa realizada pela Secretaria Estadual de Turismo, no Espírito Santo, cerca de 79,8% das atividades precisaram ser interrompidas e alguns desses profissionais buscaram outros meios de se sustentarem em meio a pandemia, parte deles já pensam em investir em um novo negócio mesmo após o retorno do turismo.

No Rio de Janeiro, o governo implementou o programa "Rio de Janeiro Turismo Consciente" para auxiliar no retorno gradual dos trabalhos turísticos no estado. Foi elaborado um selo pela Secretaria de Turismo em parceria com a Secretaria de Saúde, onde orientam as empresas do setor a implementar nas atividades as recomendações realizadas pelo Ministério da Saúde e Organização Mundial da Saúde (OMS).

Para obterem o selo, devem respeitar, obrigatoriamente, o distanciamento social de, no mínimo, 1 metro, utilizar os equipamentos de proteção individual, manter a limpeza dos ambientes, tanto funcionários quanto clientes devem cumprir com as regras de higiene pessoal, também haverá uma capacitação aos profissionais do ramo para o cumprimento dos protocolos sanitários e atenção a saúde dos funcionários com testes regulares. Para evitar o contato físico e a aproximação das pessoas, será necessário o uso da tecnologia para auxiliar no serviço e compartilhar as informações. "Com o selo, o turista fica informado sobre os serviços turísticos que estão seguindo as regras para evitar a propagação do novo coronavírus", afirmou o governador Wilson Witzel. Os profissionais devem se inscrever no site www.turismoconscienterj.com.br e terão acesso ao manual "10 Mandamentos para o Turismo Consciente", lá terão os critérios necessários para obter o selo, os estabelecimentos devem apresentar, no cadastro, autodeclaração de que se comprometem a cumprir com todos os critérios. O intuito do programa é que o clientes possam pesquisar as informações de cada localidade e quais profissionais estão seguindo as regras impostas.

Em entrevista ao Femme News, o guia de turismo João Carlos Costa, também conhecido como Guia JC, de 55 anos, trabalha por todo o Rio e nos conta como enfrenta esse período de pandemia sem poder exercer a sua profissão.

• Há quanto tempo trabalha como guia turístico?

João Carlos: Trabalho desde 1995, iniciei como Guia de Turismo no estádio do Maracanã, onde trabalhei por 15 anos.

• Qual o impacto que a pandemia causou na sua renda?

JC: Não só na minha como na de todos que trabalham com Turismo, ficamos de uma hora para outra sem nada, nossa renda foi a zero.

• Qual tem sido sua forma de se sustentar sem o trabalho de guia?

JC: Consegui receber o Auxílio Emergencial de R$ 600 e também vendo máscaras de proteção para conseguir pagar as contas.

• Seus colegas de profissão também conseguiram receber o auxílio emergencial?

JC: Nem todos, muitos ainda estão em análise e até hoje não conseguiram receber.

• Como imagina que será a volta do turismo após a pandemia?

JC: Será um dos últimos setores a voltar, principalmente o Turismo de grandes públicos como futebol, samba e shows.

• Acredita que as pessoas estarão mais preocupadas em relação às viagens ou que estarão mais dispostas a viajar devido o período de isolamento social?

JC: Acredito que as pessoas estarão querendo viajar sim, não aguentam mais esse isolamento, não suportam mais ficar presas em casa. Além de ser Guia também sou dono de uma Agência de Turismo e já tenho reservas para dezembro de vários grupos, mesmo sem saber se poderão viajar, mas já estão se programando.

• Pretende continuar atuando como guia turismo e com a sua agência após a pandemia? Qual resultado você espera disso?

JC: Com certeza, amo ser Guia e amo o Rio, nada me dá mais prazer do que apresentar a minha cidade maravilhosa aos turistas e ver a sensação no rosto de cada um, não tem preço. E quando tudo voltar ao normal o Turismo vai voltar com mais força ainda, acredito nisso.

Foto: Arquivo pessoal - guia JC em uma de suas excursões pelo RJ