top of page
  • Luana Ribeiro e Thamires Melo

Reality Shows: entenda como o confinamento pode afetar os participantes

Atualizado: 4 de mar. de 2021

Comportamento de Fiuk e Lucas Penteado no BBB preocupa público


Por Luana Ribeiro e Thamires Melo


Fiuk, participante do BBB 21, chora durante reality. Foto: Reprodução.

Estar submetido a um isolamento forçado, como é o caso de milhões de pessoas de todo o mundo atualmente, pode ser um fator de risco à nossa saúde mental. A pandemia causada pela propagação da Covid-19 trouxe um desgaste emocional e um grande desafio: a adaptação ao novo normal.


Apesar disso, muitos reality shows mantiveram seu calendário, como é o caso do “Big Brother Brasil” e "A Fazenda", seguindo os protocolos de segurança determinados pela OMS. Porém, o comportamento dos participantes tem chamado a atenção do público, que levantou a questão de que sair de um isolamento e ir para outro não estaria fazendo bem aos jogadores.


A psicóloga Monique Candido que atua como psicóloga clínica na linha Cognitivo-Comportamental (TCC) aponta: “O que pode afetar a convivência é que, na grande maioria, as pessoas foram desgastadas por consequência do confinamento forçado[…]É necessária a aceitação do que os acometeu, o cuidado do sofrimento trazido pela pandemia, para iniciar um novo ciclo”, analisa.


Como fica a saúde mental dos participantes


Muitas são as especulações sobre a saúde mental de participantes de reality shows como o “Big Brother Brasil” e a “A Fazenda”, mantidos por muito tempo em confinamento e com pessoas diferentes. Os fatores que levam um participante a ter sua saúde mental afetada em programas de entretenimento como os realities são muitos.


Para a psicóloga Monique Candido, situações que ocorrem dentro do confinamento como as provas, jogos da discórdia, festas e eliminações podem motivar ou desmotivar os participantes. ”Podem gerar um estresse positivo, fazendo com que a pessoa se sinta motivada e satisfeita, podendo se destacar na busca pelo 1 milhão. Mas pode ser negativo quando desmotiva e faz com que a pessoa se sinta incapacitada e tenha reações que não sejam assertivas”, pontua.


A necessidade de convivência com situações desconfortáveis e desconhecidas pode facilitar o estresse dentro do programa de tv e até desencadear a desistência ou expulsão do participante. A psicóloga acredita que a convivência obrigatória com o que não concorda e a necessidade de mostrar o seu lado gera ansiedade e desconforto.


A exemplo de Ana Paula (BBB 16) e Gretchen (A Fazenda 5). A primeira foi convidada a se retirar depois de uma briga com um integrante do reality. Ana acabou se exaltando e deu tapas no rosto de Renan. Na época, a mineira alegou que a produção a deixou sem os remédios de tratamento psicológico, os quais fazia uso para controlar doenças psicológicas.


Diferente da participante do BBB 16, Gretchen alegou saudades da família ao deixar o reality da emissora paulista. A cantora tocou o sino de desistência após pouco mais de um mês de programa.


Realities são um desafio para quem tem diagnóstico de doenças psicológicas?


Manter a saúde mental em dia no caso de pessoas que possuem um histórico de doenças psíquicas é mais complicado. Na edição deste ano do BBB vários casos como este são ilustrados.


O ator Fiuk possui diagnóstico de depressão, ansiedade e TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade). O filho de Fábio Júnior mostra no programa alguns comportamentos desencadeados por essas doenças. Como dito no pronunciamento oficial de sua equipe de assessoria: “O fumo excessivo de cigarro é uma válvula de escape/controle para toda a ansiedade causada pela pressão”. O brother também perdeu uma prova do anjo depois de um episódio de desatenção durante a atividade.


Após sofrer ataques difamatórios na internet, o perfil do ator se pronunciou e abriu ao público o quadro de doenças mentais de Fiuk. Segundo a equipe, o participante também pode estar sofrendo de abstinência por falta de remédios para o tratamento de depressão, os quais fazia uso antes do confinamento.


Legenda: Nota de repúdio, postada pela equipe do cantor Fiuk, contra ataques que ele vem sofrendo.

Para acompanhar a publicação completa clique aqui.


O ator Lucas Penteado deixou o programa após uma série de conflitos. O intérprete de ‘Fio’ em Malhação “Viva a Diferença” chegou a comentar com os brothers sobre o quadro de depressão que havia passado. Lucas teve suas emoções afloradas e acabou sofrendo algumas crises dentro da casa. Após apenas 3 semanas de confinamento, Lucas pediu para sair do reality.



Lucas Penteado durante sua permanência no Big Brother Brasil 21. Foto: Reprodução.

Sob um olhar psicológico, Monique Candido alerta que a falta de medicamentos em casos em que o paciente ainda não está estável é perigosa. “A retirada sem a alta pode fazer com que os sintomas reapareçam, prejudicando o tratamento e algumas vezes até piorando o quadro.”, alerta a psicóloga.


Monique também pondera sobre as circunstâncias que prejudicam um participante diagnosticado com essas doenças dentro de um reality. “Além disso, é necessário um ambiente preparado e com rotina para receber um indivíduo com esses diagnósticos, o que não é possível nos realities sem o controle do tempo, sono, alimentação e atividades propostas“, finaliza.


O pós-jogo e a cultura do cancelamento


Muitos participantes temem ser “cancelados” na vida, como foi citado por diversas vezes dentro da casa do BBB na primeira semana. A possibilidade de prejudicar a carreira artística ou até mesmo de sofrer linchamento social fora do reality passa pela cabeça de quem ingressa nesse tipo de programa de tv.


O linchamento virtual ou exclusão social fazem parte da “cultura do cancelamento”. Este cancelamento ocorre quando alguém toma atitudes diferentes da esperada por determinados grupos sociais. Assumir possíveis erros e até mesmo, se for o caso, ser punido judicialmente por atitudes inadequadas é diferente de “cancelar” um indivíduo.


Apesar disso, Monique explica que é possível viver bem após ocorridos como este. A psicóloga afirma que ter uma rede de apoio e acompanhamento psicoterapêutico é fundamental para se reconstruir. “O indivíduo não é aquilo que o acontece e sim o que ele faz com o que acontece”, encerra.


bottom of page