As manifestações surgiram após um projeto de reforma tributária que elevaria os impostos na classe média da sociedade colombiana
Desde o dia 28 de abril, os protestos feitos na Colômbia já chegaram a 19 mortos, mais de 800 feridos e 431 pessoas presas pelas autoridades. As manifestações são contra um projeto de reforma tributária apresentado no Congresso no dia 15 de abril que visava recuperar o que foi perdido na economia devido à pandemia. As críticas surgiram tanto da oposição política quanto dos aliados ao governo atual e, devido aos protestos, o presidente Iván Duque solicitou que o Congresso tirasse o projeto da pauta de votação, o ministro da Economia, Alberto Carrasquilla, renunciou ao cargo nesta segunda-feira (03).
O projeto previa o aumento de impostos sobre a renda e os produtos básicos, aumentando também a arrecadação tributária para evitar que a Colômbia tivesse mais dívidas internacionais. A cobrança do Imposto de Renda seria aumentada no setor empresarial e nas classes mais ricas da sociedade, levando as empresas ao aumento temporário dos impostos nas rendas e também sobre os patrimônios, elevando os impostos nos lucros. "A reforma não é um capricho, é uma necessidade. Retirá-la ou não [da pauta] não era a discussão. A verdadeira discussão é poder garantir a continuidade de programas sociais", afirmou Duque em coletiva no último domingo (02). De acordo com o governo colombiano, o projeto seria uma forma de arrecadar ao menos 2% do PIB e conseguir dar continuidade aos programas sociais instaurados pela pandemia da Covid-19.
O peso colombiano caiu para 1,9%, registrando a pior marca nos últimos seis meses, equivalente a 3.816,15 para o dólar. Antes considerada a quarta maior economia da América Latina, o PIB da Colômbia recuou para 6,8% em 2020, tendo o seu pior desempenho nos últimos anos, mais de 3 milhões de pessoas atingiram a pobreza e o desemprego subiu para 16,8%. Estima-se que o governo poderia arrecadar até US $6,3 bilhões de 2022 a 2031 para recuperar a economia. Para o presidente, essa é uma forma de "dar estabilidade fiscal ao país, proteger os programas sociais dos mais vulneráveis e gerar condições de crescimento depois dos efeitos provocados pela pandemia da Covid-19."
Segundo o ministro da Defesa, Diego Molano, os protestos são atos de violência "premeditados, organizados e financiados por grupos dissidentes da Farc", organização que se afastou do acordo de paz assinado em 2016. O ministro afirmou que houve vandalismo em 69 estações de transporte público, 36 caixas eletrônicos, 14 pedágios, 313 estabelecimentos comerciais e 94 bancos.
Apesar do presidente pedir pela suspensão do projeto, os protestos continuam por todo o país e há rumores de que na quarta-feira (05) haverá mais manifestações pelas mortes que ocorreram até o momento.
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