Perícia suspeita de que armas apreendidas em comunidades do RJ possam ter sido vendidas por Ronnie
- Femme News
- 14 de jul. de 2020
- 3 min de leitura
Em troca de mensagens, Lessa passa orientações para sua filha, Mohana, de como enviar para o Brasil as peças de armamentos para burlar a fiscalização.
Por Natasha Silveira

A Polícia Civil do Rio encontrou vestígios de que armas apreendidas em comunidades do Rio de Janeiro possam ter sido vendidas por Ronnie Lessa, ex-PM reformado, preso e acusado pelo homicídio de Marielle Franco e Anderson Gomes. A análise feita pela polícia Civil e a polícia Militar desde o ano de 2014 descobriu indícios de que todo o material foi vendido por Ronnie Lessa, nesta segunda-feira (13) ele foi indiciado por tráfico internacional de armas e suspeito de intermediar o armamento entre 2014 e 2018.
De acordo com a Polícia Civil, a análise foi realizada em 14 armas apreendidas, no Complexo do Lins, na Zona Norte, e em Jacarepaguá, na Zona Oeste. Em todas as armas, a perícia encontrou similaridades com 117 fuzis que foram apreendidos na casa de um amigo de Lessa, Alexandre Mota, após ele ter sido preso.
"A gente foi a determinados locais, pediu perícias de confronto do material que foi encontrado na casa do Alexandre com essas armas apreendidas. A perícia não pode cravar que é a mesma peça, ela fala em similitudes. A gente conseguiu laudos que deram semelhança de peças", disse o delegado Marcus Amim, da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme).
Segundo o delegado Marcus, os traficantes eram provavelmente o carro-chefe do comércio de armas de Ronnie Lessa, em diálogo interceptado pela polícia, Lessa comemorou a tomada de uma comunidade por uma facção criminosa. Após o indiciamento, em casos de crime internacional, é inquérito será enviado para a Justiça Federal e abrirá vistas ao Ministério Público, a partir disso o MP decide se terá uma denúncia ou se envia para a Polícia Federal fazer novas diligências e prosseguir mais profundamente nas investigações.
Também foi encontrado o trecho de uma conversa pelo Whatsapp no dia 13 de agosto de 2018, onde Mohana Figueiredo, filha de Ronnie Lessa, enviou ao pai a foto de uma peça de fuzil. Nas mensagens, a Desarme encontrou orientações de Lessa para a filha "Escreve 'metal parts' (peças de metal)". Acredita-se que essa descrição fosse uma forma de burlar a fiscalização do que era mandado para o Brasil. “Vou postar hoje. O que escrevo na descrição e valor?”, pergunta a filha. “Rubber parts [peças de borracha]”, responde, Lessa, uma semana mais tarde. No dia 23 de outubro de 2018, Lessa dá mais orientações e mais específicas na intenção de burlar qualquer possibilidade de fiscalização: 'Não coloca o fone,
não. Bota tudo sem nota e embalagem escreve plastic block (placas plásticas)" e completa "Coloca como valor o preço da taxa de correio".
Mohana trabalhava como treinadora de futebol na Geórgia, Estados Unidos, e foi indiciada no mesmo dia que o pai por tráfico internacional de armas, o delegado Amim relata: “As compras realizadas por meio eletrônico e as mensagens trocadas demonstram que o material era trazido para montagem de armas de fogo no Brasil. Ronnie Lessa adquiria essas peças de armas fora do país e orientava sua filha para que retirasse embalagens e outras identificações, com o intuito de se esquivar de qualquer órgão fiscalizador brasileiro”.
Em março de 2020, a Justiça fez a quebra de sigilo bancário de Lessa e Élcio de Queiroz, acusado junto ao Lessa de participar do homicídio de Marielle e Anderson Gomes. Os bens de Ronnie Lessa chegavam ao valor de R$ 2,6 milhões sequestrados. Até o momento, a defesa de Lessa ainda não se pronunciou.
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