top of page
Foto do escritorFemme News

O segundo domingo de todo agosto é marcado pela presença afetiva e pela falta dela

Com 80 mil crianças sem pai, abandono paterno cresce no Brasil


Por Giovanna de Luca

Ilustração: dephositphotos

Para os brasileiros, fazer um churrasco vai muito além da lenha, fogo e carne. Ele se tornou uma espécie de ritual e virou o momento de comemoração, de se conectar com pessoas e de gerar boas recordações. E, no dia dos pais, não poderia ser diferente. Ontem (9), famílias se reuniram em volta da churrasqueira para celebrar a figura paterna. Porém, para muitos, foi apenas mais uma data no calendário.


Segundo levantamento da Central Nacional de Informações do Registro Civil (CRC), 80.904 das crianças registradas nos cartórios somente neste ano têm apenas o nome das mães nas certidões de nascimento, de um total de 1.280.514 nascituros. Essa não é uma realidade recém-adquirida pelos brasileiros: em 2018, 5,74% dos registros de nascimento ficaram com o campo do nome do pai em branco e, em 2019, 6,15% das crianças nasceram sem o sobrenome paterno, e hoje, a taxa está em 6,31%.


De acordo com a psicóloga Marcia Rua (39), esse número é reflexo de uma sociedade que naturaliza o homem que se exime da sua responsabilidade paterna ao abandonar os filhos. Ela afirma, também, que para alguns a ausência do nome de um pai na certidão de nascimento pode causar traumas, frustrações e abalos psicológicos severos, como por exemplo temor a rejeição e solidão. No total, são mais de 5,5 milhões de adultos que nunca tiveram o reconhecimento do progenitor.


Para além, ainda existe os pais que tem o nome constado no RG dos filhos, porém nunca estão presentes. Este abandono afetivo foi esclarecido no dado publicado pela Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quando foi afirmado que cerca de 12 milhões de mães chefiam lares sozinhas. Destas, mais de 57% vivem abaixo da linha da pobreza.


Vale lembrar que uma vez reconhecida a paternidade, surgem as obrigações legais: a assistência material e afetiva. Entretanto, segundo um levantamento feito em 2018 pelo jornal Globo, aproximadamente 104 mil processos de cobrança alimentícia tramitavam em dez estados brasileiros. E desde então, caso a pensão não seja paga durante um mês, já é possível que o pagante seja processado e tenha os bens penhorados, tornando algo que deveria ser feito de forma voluntária um ônus.

Comments


bottom of page