Na última semana, a Netflix liberou a segunda temporada da série brasileira "Coisa Mais Linda"

A segunda temporada de "Coisa Mais Linda" chegou à Netflix com muito drama, corações partidos e momentos de superação. Mas o grande choque vem no fim da temporada: uma morte

Por Karina Oliveira

Imagem: Divulgação

A produção nacional da Netflix, Coisa Mais Linda, ganhou a sua segunda temporada na sexta-feira, dia 19. Estrelada novamente por Maria Casadevall, Pathy Dejesus, Mel Lisboa e Larissa Nunes, a série acompanha quatro mulheres nos anos 60 e aborda assuntos importantes e extremamente atuais como feminicídio, aborto, desigualdade social, racismo, a igualdade de gênero, a conquista do espaço da mulher no mercado de trabalho e a luta diária de ser mulher em um país machista. Além de mostrar o quanto a sociedade ainda precisa avançar como ser humano, a série também traz temas leves abordados a partir das amizades e dos romances.

O segundo ano tem um leve salto temporal em relação ao que aconteceu no final da primeira temporada, mostrando como Malu (Maria Casadevall) está lidando com o trauma do que aconteceu com ela e com Lígia (Fernanda Vasconcellos). A forma com que o seriado trata o caso mostra uma grande delicadeza, com cenas que intensificam a amizade duradoura entre as duas personagens. Em sua entrevista para rádio feita por Teresa, Malu defende sua amiga (Lígia), em seu discurso ela diz:

“O amor tem muitas formas, ele pode durar a vida inteira, ou pode durar só um verão. Você pode amar alguém que tá perto de você todos os dias ou você pode amar muito alguém que tá longe. O amor também pode começar como uma amizade e quando você vê, você não consegue viver sem aquela pessoa. O amor pode ser muitas coisas: o amor é vida, o amor é acolhimento, aceitação, o amor pode ser também perdão. Mas se tem uma coisa que o amor não é, é violento. O amor não é morte.”

Como fez em sua primeira temporada, Coisa Mais Linda usa suas protagonistas para falar de diversos temas importantes. Se o foco de Malu é em, novamente, se libertar, a história de Theresa volta a ter contornos profissionais. Após ela ter tentado vida de dona de casa e ser a mulher que Nelson (Alexandre Cioletti) gostaria, ela volta ao mercado de trabalho, dessa vez trabalhando em uma rádio. Outro núcleo que ganha várias camadas é o de Adélia (Pathy Dejesus), especialmente agora que sua irmã Ivone (Larissa Nunes) está mais presente na trama como uma aspirante a estrela da música. No caso de Adélia, ainda que esteja seguindo seu coração, o caminho de uma mulher negra em uma sociedade preconceituosa é extremamente difícil.

Justiça

A segunda parte da temporada de Coisa Mais Linda foca em um julgamento e os momentos escancaram a desigualdade que existia entre homens e mulheres naquela época, porém ainda muito atual. Os discursos, que infelizmente ainda podem ser encontrados em pleno 2020 em alguns fóruns de comentários, incomodam ao colocar as mulheres como “seres maquiavélicos” e homens como “pobres vítimas” de seus encantos. Os trechos chocam propositalmente e fazem o espectador refletir, especialmente quando a violência é colocada como uma "forma de amor".

Criada por Giuliano Cedroni e Heather Roth e com direção geral de Caito Ortiz, a série em sua segunda temporada reforça os pontos positivos e negativos do primeiro ano, com uma trama que segue atual, apesar de se passar nos anos 60. Percebe-se como as diferenças entre homens e mulheres continuam tão atuais em nossa sociedade, ao mesmo tempo em que há certo alívio ao perceber que houve sim alguma evolução, que precisa ser acompanhada de perto para não ser perdida. Assistir Coisa Mais Linda em 2020 é agridoce, porém muito necessário.

Com apenas seis episódios, a série é uma dessas que a gente maratona sem nem perceber. A terceira temporada ainda não foi confirmada pela Netflix. Porém, a primeira estreou em março de 2019 e a segunda em junho de 2020, portanto, com um ano e três meses de diferença e considerando produção e filmagem, a nova temporada poderá estrear no segundo semestre de 2021.