Segundo funcionários, há relatos de “escândalos e ofensas” a servidores e terceirizados frequentemente no setor
Por Yngrid Alves
O secretário especial de Cultura, Mário Frias, é acusado de andar armado e assediar moralmente funcionários do setor. A informação foi inicialmente publicada pela “Folha de S. Paulo” e, em seguida, confirmada por fontes consultadas pela “Splash”.
Fontes relatam que a arma gera ‘mal-estar e desconforto’ entre aqueles que trabalham no setor, além do clima de tensão provocado pelos ‘escândalos e ofensas’ de Mário aos funcionários.
“Imagine esse contexto e o seu chefe com arma na cintura. O medo e a sensação de ameaça são constantes” disse uma fonte que não quis ser identificada à Splash. O secretário obteve o porte em dezembro de 2020 e justificou sua solicitação com ‘receio por integridade física’. A arma é uma pistola Taurus de calibre .9 mm e o documento tem categoria ‘defesa pessoal’, com validade de 5 anos.
Confira abaixo a solicitação escrita (sem correções e/ou alterações) por Mário Frias:
"Considerando minha condição de Secretário Especial da Cultura, especialmente em um momento político com políticos ataques, ameaças e manifestações violentas contra autoridades que compõem a administração pública federal e, tendo em vista que, na condição de secretário Especial da Cultura, participo de eventos e reuniões em todo Brasil, muitas vezes em meio a protestos e manifestações violentos, faz-se extremamente necessário o porte de arma, ainda mais que frequentemente sou abordado por diversas pessoas para tratativas de vários assuntos, alguns sensíveis e complexos e, às vezes algumas dessas pessoas se constituem de pessoas estranhas a mim e à minha equipe. Tais fatos tem ocorrido desde que fui nomeado para a função e, desde então, tenho sofrido pressões diversas, situações nas quais me vejo em estado de alerta e pelo qual tenho receado pela minha integridade física, dos meus familiares e da minha equipe. Nestes termos, solicito o deferimento do porte de arma ora requerido."
Mais assédio
Funcionários que não são afetados diretamente pelo desconforto da arma não ficam isentos da má gestão de Frias. Alguns relatam que o secretário boicota e persegue determinados servidores ao não cumprir com suas demandas e externar informações internas, por exemplo.
Há também relatos de que o secretário enfrenta processos administrativos e retaliações internas. Além disso, é autoritário ao tornar exclusiva a ele a aprovação de conteúdos de postagens nas redes sociais das instituições ligadas à pasta.
No Relatório sobre assédio institucional nas instituições do executivo federal ligadas à pasta da Cultura, há relatos anônimos também de servidores de entidades como Funarte, a Casa de Rui Barbosa, a Fundação Palmares e o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).
Eles alegam trocas frequentes de gestores para cargos em que não se mostram capacitados. “Tanto a troca em si, de forma frequente, dos gestores, quanto a seleção de gestores pouco afeitos ou preparados para as áreas em que são destinados, é compreendido por nossos entrevistados como uma forma de ”assédio institucional”, apontou.
Comments