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Foto do escritorNatasha Sioli

Ministério da Agricultura defende consumo de alimentos ultraprocessados

O órgão solicita que seja feita uma revisão nas informações do Guia Alimentar e afirma que o Guia é um dos piores do mundo


Foto: Pixabay

O Ministério da Agricultura emitiu uma nota técnica ao Ministério da Saúde onde faz críticas sobre o "Guia Alimentar para a População Brasileira" e pede que seja realizada uma revisão sobre o Guia, em especial às informações a respeito dos alimentos ultraprocessados e na indicação de reduzir o consumo destes. Segundo a nota, a classificação NOVA (como é denominada) é um tanto quanto "confusa, incoerente e que impede de ampliar a autonomia das escolhas alimentares".


Assinado por Luís Eduardo Rangel e Eduardo Mazzoleni, diretor e coordenador do departamento de Análise Econômica e Políticas Públicas da Secretaria de Política Agrícola do ministério, o documento pede que todo o Guia seja revisado junto aos setores especializados na ciência dos alimentos, como engenheiros de alimento. "A recomendação mais forte nesse momento é a imediata retirada das menções a classificação NOVA no atual guia alimentar e das menções equivocadas, preconceituosas e pseudocientíficas sobre os produtos de origem animal", informa parte do documento.


O Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens/USP), criador da classificação NOVA e colaborador na elaboração do Guia, se posicionou contra a nota emitida pelo Ministério da Agricultura. "Tais críticas se resumem a afirmações não amparadas por qualquer evidência científica", disse a nota do órgão.


Segundo os especialistas, a afirmação do Ministério da Agricultura no documento sobre o Guia ser um dos piores do mundo está equivocada, já que este foi considerado como um dos quatro Guias Alimentares mais completos do mundo em 2016, pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), e outros países usam o Guia Alimentar brasileiro como inspiração e exemplo.


"Assim não pensam organismos técnicos das Nações Unidas, como a FAO, a OMS e o UNICEF, que consideram o Guia brasileiro um exemplo a ser seguido. Assim não pensam os Ministérios da Saúde do Canadá, da França, do Uruguai, do Peru e do Equador, que têm seus guias alimentares e suas políticas de alimentação e nutrição inspirados no Brasil", relatou o Nupens.


De acordo com o documento emitido, o Guia induz uma limitação à população sobre suas escolhas alimentares e que "existem alimentos que são classificados nesta ‘categoria ultraprocessados’ e que são feitos industrialmente de forma semelhante a preparações culinárias caseiras”. Além disso, também se refere que o Guia não oferece alguma orientação sobre o consumo em excesso de alimentos in natura e menos processados e que estejam ligados a doenças do coração, obesidade e outras doenças crônicas, assim como propõe sobre os alimentos ultraprocessados.


No entanto, foi constatado em uma pesquisa em 2019 que pessoas que mantém uma alimentação baseada em alimentos ultraprocessados possuem aceleração no ganho de peso, causando obesidade e que pode ocasionar em outros problemas de saúde.


Também em manifestação contra o documento, o Conselho Regional de Nutricionista da 3ª região (SP e MS) emitiu uma nota afirmando que “o Guia apresenta um conjunto de informações, análises, recomendações e orientações sobre escolha, combinação, preparo e consumo de alimentos que objetivam promover a saúde de pessoas, famílias e comunidades e da sociedade brasileira como um todo, além de reforçar que uma alimentação adequada e saudável precisa ser balanceada, deve priorizar os alimentos in natura e minimamente processados”.


Os alimentos ultraprocessados, como salgadinhos de pacote, refrigerantes, biscoitos recheados e alimentos prontos congelados, passam por diversas transformações durante o seu preparo até que cheguem a sua finalização. Já os alimentos considerados processados ou minimamente processados, como os pães, queijos e vegetais congelados, não precisam de muitos ingredientes e muitas transformações no seu preparo.


Conforme as informações presentes no Guia no seu lançamento em 2014, "A regra de ouro é: descasque mais e desembale menos".


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