Para ele, o MEC não possui qualquer responsabilidade a respeito da falta de acesso à internet dos alunos durante o ensino remoto
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Milton Ribeiro, ministro da Educação, declarou que o MEC não é responsável pela falta de acesso ao ensino remoto durante o período de pandemia. Publicada nesta quinta-feira (24), a entrevista conta com afirmações do ministro sobre a volta às aulas e disse que não concorda com as discussões em sala de aula a respeito dos gêneros e educação sexual.
Para o ministro, as aulas teriam retornado ao ensino presencial "na semana passada", mas afirma que o MEC não possui poder na determinação da volta às aulas. "A lei é clara. Quem tem jurisdição sobre escolas é estado e município. Não temos esse tipo de interferência. Se eu começo a falar demais, dizem que estou querendo interferir; se eu fico calado, dizem que se sentem abandonados. Por mim, voltava na semana passada, uma vez que já superamos alguns itens, saímos da crista da onda e temos de voltar", disse o ministro.
Ribeiro também disse que a falta de acesso a internet e computadores pelos estudantes brasileiros, dificultando o estudo de alunos de baixa renda, não é responsabilidade do MEC e sim consequência de um problema anterior já existente no Brasil. Segundo o ministro, "A sociedade brasileira é desigual e não é agora que a gente, por meio do MEC, vai conseguir deixar todos iguais" e disse que quem deve ser responsabilizado por isso são os estados e os municípios.
Quando questionado a respeito do planejamento da pasta para a Base Nacional Comum Curricular, Ribeiro disse não concordar que as escolas possuam ensino de educação sexual, pois isto causaria uma "erotização" das crianças e criticou a presença de professores transgêneros nas salas de aulas, já que podem acabar influenciando os alunos. Para ele, a homossexualidade se trata de uma "opção", causada por uma estrutura familiar desajustada e que isso vai contra as afirmações feitas pela ciência.
"Quando o menino tiver 17, 18 anos, ele vai ter condição de optar. E não é normal. A biologia diz que não é normal a questão de gênero. A opção que você tem como adulto de ser um homossexual, eu respeito, não concordo. Acho que o adolescente que muitas vezes opta por andar no caminho do homossexualismo tem um contexto familiar muito próximo, basta fazer uma pesquisa. São famílias desajustadas, algumas. Falta atenção do pai, falta atenção da mãe. Vejo menino de 12, 13 anos optando por ser gay, nunca esteve com uma mulher de fato, com um homem de fato e caminhar por aí. São questões de valores e princípios."
Em referência a um vídeo sobre educação sexual gravado em uma universidade do interior da Bahia, o ministro citou que existem vídeos na internet onde ensinam aos jovens como "colocar camisinha com a boca". Ele afirma que o Enem tem servido como um "balizador" nos conteúdos necessários para a educação básica "porque senão começa a falar lá de ideologia, sabe tudo sobre sexo, como colocar uma camisinha, tirar uma camisinha, sabe tudo. Fica gastando tempo com assuntos que são laterais. As crianças têm de aprender outras coisas”. Apesar de afirmar que é importante explicar como se previne uma gravidez, o ministro da Educação diz que falar sobre o assunto serve mais como um incentivo aos jovens, já que possuem muitos hormônios, e que não se deve incentivar as discussões sobre gênero.
Nas redes sociais, o ministro da Educação está sendo acusado de homofobia por associar pessoas gays a famílias desajustadas, por tratar a homossexualidade como opção e pelas falas de conotação preconceituosa. O senador do Espírito Santo, Fabiano Contarato, publicou em sua conta no Twitter que está entrando com uma representação ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que seja feita uma investigação contra Milton Ribeiro por crime de homofobia e a pré-candidata a vereadora de São Paulo, Erika Hilton, também publicou em seu Twitter que já foi protocolado um pedido de impeachment para o ministro da Educação.
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