Michelle Bolsonaro recebeu o total de R$ 89 mil de Fabrício Queiroz e Marcia Aguiar
- Femme News
- 8 de ago. de 2020
- 3 min de leitura
Apesar do presidente ter informado que o dinheiro depositado foi para pagar uma dívida, o dinheiro repassado para a conta da primeira-dama é acima do valor explicado por Jair Bolsonaro
Por Natasha Silveira

Foi divulgado na quebra de sigilo bancário que o ex-assessor de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz e sua esposa, Marcia Aguiar, depositaram um total de R$ 89 mil para a primeira-dama Michelle Bolsonaro. Segundo informações da revista Crusoé e da TV Globo, os dois fizeram o depósito de 21 cheques na conta da primeira-dama entre os anos de 2011 a 2016, chegando a um total de R$ 72 mil.
O presidente havia informado que Queiroz fez 10 depósitos de R$ 4 mil para poder quitar com uma dívida que ele tinha com a família no valor de R$ 40 mil, entretanto, não existe nenhuma comprovação nos dados bancários de Queiroz de que ele tenha recebido este dinheiro do presidente ou de algum membro da família Bolsonaro.
“Não foi por uma, foi por duas vezes que o Queiroz teve dívida comigo e me pagou com cheques. E não veio para a minha conta esse cheque, porque simplesmente eu deixei no Rio de Janeiro. Não estaria na minha conta. E não foram R$ 24 mil. Foi R$ 40 mil”, explicou o presidente.
Em 2018, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e o Ministério Público do Rio de Janeiro identificaram um depósito no valor de R$ 24 mil na conta de Michelle Bolsonaro. Esta semana, a Crusoé confirmou que os depósitos chegam ao total de R$ 72 mil e que entre os anos de 2011 a 2016 foram depositados 21 cheques na conta de Michelle. Só a esposa de Queiroz fez o depósito de cinco cheques nos valores de R$ 3 mil e um no valor de R$ 2 mil.
Já Fabrício Queiroz fez o depósito de 12 cheques somando o total R$ 36 mil e depois mais 12 cheques de R$ 3 mil, no período de outubro de 2011 e abril de 2013. O ex-policial também depositou mais 10 cheques totalizando R$ 40 mil entre abril e dezembro de 2016, onde foi alegado que havia um empréstimo com o presidente. Em razão disso, levantaram três possibilidades para que tenha existido o empréstimo citado: o empréstimo pode ter sido feito através de um depósito na conta de Queiroz em 2017, o empréstimo ter sido feito após 2017 em dinheiro em espécie ou uma inconsistência no que foi relatado pelo presidente.
O ex-assessor de Flávio Bolsonaro foi preso em junho deste ano enquanto estava numa casa em Atibaia, interior de São Paulo, que pertencia ao advogado Frederick Wassef, representante do presidente Jair Bolsonaro e de seu filho Flávio Bolsonaro em alguns processos, Wassef também era amigo da família. Depois de passar por uma cirurgia de retirada de câncer no hospital Albert Einstein, em janeiro de 2019, Queiroz desapareceu dos radares das autoridades e não compareceu a nenhum julgamento.
Foi informado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) que a primeira-dama não fez parte do esquema que está sendo investigado pelas rachadinhas do gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj, e em nota divulgaram que "O trabalho segue normalmente, sob sigilo, a cargo do Grupo de Atuação Especializada no Combate à corrupção, por designação do procurador-geral de Justiça, Eduardo Gussem". O MPRJ indicou que Fabrício Queiroz teria sido o operador do esquema de rachadinha de Flávio Bolsonaro, a apuração realizada constatou que queiroz havia feito vários pagamentos de contas do filho do presidente em dinheiro vivo, entre eles estão as mensalidades das duas filhas de Flávio e os boletos de plano de saúde.
Nesta quarta-feira (5), Flávio disse em entrevista ao jornal O Globo que pediu ao ex-assessor para pagar suas contas, porém negou a existência de ilegalidades. "Pode ser que, por ventura, eu tenha mandado, sim, o Queiroz pagar uma conta minha. Eu pego dinheiro meu, dou para ele, ele vai ao banco e paga para mim. Querer vincular isso a alguma espécie de esquema que eu tenha com o Queiroz é como criminalizar qualquer secretário que vá pagar a conta de um patrão no banco. Não posso mandar ninguém pagar uma conta para mim no banco?", afirmou.
A defesa do ex-assessor relatou que só irá se manifestar a partir de eventuais informações de caráter sigilosos. Até o momento, não houve nenhuma informação divulgada pelo Palácio do Planalto e nem pela defesa do senador Flávio Bolsonaro.
Comments