Luíza Moreira Bittencourt
Na 46° Sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas), realizada na última segunda-feira (21/02), o ministro de relações exteriores, Ernesto Araújo, contestou medidas de restrição para o combate ao vírus causado pela Covid-19. O posicionamento do chanceler contrastou com o da maioria dos demais participantes do Conselho, que defenderam as restrições para a contenção da pandemia.
“As liberdades fundamentais são hoje ameaçadas por desafios crescentes, e a crise da Covid apenas contribuiu para exacerbar essas tendências”, declarou Ernesto na primeira Sessão a ser realizada quase inteiramente de forma virtual.
“Sociedades inteiras estão se habituando à ideia de que é preciso sacrificar a liberdade em nome da saúde. Não critico as medidas de lockdown ou semelhantes que tantos países aplicam. Mas não se pode aceitar um lockdown do espírito humano, que depende fundamentalmente da liberdade e dos direitos humanos para exercer a sua plenitude”, completa o ministro.
Araújo também comentou sobre o controle de informações circuladas na internet como “tecnototalitarismo”, termo utilizado por ele desde o banimento do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump das redes sociais.
“O grande desafio de hoje é aquilo que chamo de tecnototalitarismo, o bloqueio de plataformas e sites até o controle de conteúdos e informações, das medidas judiciais e leis que criminalizam atividades online até o emprego abusivo ou equivocado de algoritmos. A maré crescente de controle da internet por diferentes atores, movidos por objetos econômicos ou ideológicos, precisa ser detida”, diz o chanceler brasileiro.
A menção ao novo conceito do universo virtual se deu por conta da repercussão referente às medidas de contenção de informações falsas nas plataformas Facebook e Twitter, circuladas por líderes de direita, como foi o caso do próprio Trump, figura vista como aliada pelo governo Bolsonaro, a respeito da última eleição estadunidense.
O assunto sobre a busca de mecanismos para o controle do vírus foi palco principal da 46° Sessão e o fracasso de alguns países nas medidas sanitárias foram alvo de preocupações e críticas entre alguns dos participantes do evento. António Guterres, secretário-geral da ONU, mencionou a falta de equidade de vacinação com um ultraje moral, já que somente 10 países conseguiram administrar 75% das vacinas contra a Covid-19, enquanto mais de 130 nações nem chegaram a receber doses.
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