Apesar de ter sido cotada com uma das mulheres mais infames da época, ela foi considerada uma das feiticeiras mais poderosas de Nova Orleans
Além de ter uma história marcada pelo racismo, machismo e intolerância, a trajetória de Marie Laveau é cheia de incertezas, mas o que se sabe é que ela foi uma das maiores feiticeiras do século 19. Conhecida por seu miticismo em Nova Orleans, em Louisiana nos Estados Unidos, ela segue sendo até hoje a Rainha do Vodu.
No livro Crioullo, A História e o Legado do Povo de Cor Livre da Louisiana, da escritora Barbara Rosendale Duggal, um depoimento diz que ela “andava pelas ruas como se fosse sua dona”.
Acredita-se que Marie tenha nascido como uma mulher negra livre em setembro de 1801, no Bairro Francês em Nova Orleans, e seja filha do caso entre uma escrava liberta com um rico político da época. Pelo que tudo indica, ela aprendeu os ofícios do vodu com a mãe e a avó durante a adolescência, mas também estudava o catolicismo na fazenda do pai.
Apesar de pouco se saber sobre a magia da Rainha do Vodu, lendas afirmam que ela tinha uma cobra chamada Zombi, em homenagem a um Deus africano, e que seus poderes eram resultados de uma mix entre santos católicos com espíritos africanos.
Além disso, sabe-se que ela era uma cabeleireira de ricos aristocratas brancos e presume-se que ela escutava as “fofocas” dos clientes para usar as informações contra eles posteriormente. Seu ofício do mundo da beleza vinha acompanhado, muitas vezes, de atividades religiosas. Marie realizava os trabalhos de curandeira, fitoterapeuta e ainda fazia leitura de cartas. Para alguns historiadores, ela ajudava pessoas a provocar abortos em casos de gravidez indesejada.
Além de oferecer feitiços e poções, ela cuidava regularmente de doentes. Inclusive, usou de seus conhecimentos sobre ervas medicinais e se tornou enfermeira. Naquela época sua função permitia que realizasse pequenas cirurgias.
Nos arredores da cidade, Laveau conduzia cerimônias de vodu - apesar da prática ser popular na cidade, era uma espécie de associação secreta. Lá, galos e bodes eram sacrificados para que o sangue fosse derramado em pessoas que precisavam de purificação e os frequentadores entravam em “transe” durante os rituais.
Ela casou-se duas vezes e teve 15 filhos, sendo que apenas duas meninas chegaram à idade adulta, Marie Euchariste Eloise Laveau e Marie Philomene Glapion. A certidão do seu primeiro casamento com o carpinteiro Jacques Paris está até hoje preservada na Catedral de Nova Orleans.
Sua morte aconteceu no dia 15 de junho de 1881, aos 86 anos. Na época, os jornais da cidade escreveram que ela morreu em casa com um sorriso no rosto. Foi enterrada no túmulo da família e seu funeral foi assistido por multidões. Até hoje, pessoas visitam a sepultura de Marie.
Apesar dos mistérios que compõe sua trajetória, ela segue sendo aclamada até os dias atuais. Marie Laveau foi representada na terceira temporada da série American Horror Story. Na obra, o personagem Coven mergulha na história de Marie Laveau e no poder que ela tem sobre a comunidade preta de Nova Orleans.
Além disso, uma linha de perfumes foi inspirada na feiticeira. Ele leva: Cardamomo Preto, Palo Santo, Sálvia, Açafrão, Jasmim, Rosa, Cedro. A Imortal Perfumes diz que a essência é um “cruzamento entre uma poção do amor e uma maldição”.
コメント