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  • Renata Nalim

Mais de 80% dos indígenas que vivem em Manaus testaram positivo para Covid-19

Condições sociais precárias e caóticas são a principal razão para os altos índices de positividade; aponta estudo

Foto: Reprodução/Internet

Mais de 80% dos indígenas que vivem na comunidade do Parque das Tribos, a maior comunidade indígena urbana multiétnica de Manaus, testaram positivo para Covid-19, aponta a revista científica Nature. As etnias indígenas Baré, Tukano, Tikuna e Kokama apresentaram o maior número de casos de testagem positiva na região. As condições sociais precárias e caóticas da população são indicadas como a principal razão para os altos índices de positividade, segundo o relatório.


Dos 71% indígenas que apresentaram sintomas leves ou moderados da doença, 69% tiveram dores no corpo, 58% manifestaram perda do paladar, 60% tiveram perda do olfato e 53% sentiram dor nas articulações. Os indivíduos assintomáticos representam 29,28% dos casos. Para tratar ou prevenir do novo coronavírus, 90% dos indígenas utilizam a medicina tradicional com ervas e plantas.


O relatório da Nature assinala que “os dados mostram claramente que os povos indígenas são desproporcionalmente atingidos pela infecção pelo SRA-CoV-2” e acrescenta que “este cenário pode ser resultado de vulnerabilidades sociais que, por sua vez, maximizam a disseminação do vírus e colocam esta população em maior risco”.


Das 28 etnias indígenas residentes no Parque das Tribos, mais de 95% dos indígenas não tinham acesso à água potável e ao saneamento adequado. O estudo destaca que as condições habitacionais “são completamente inadequadas para mantê-las a salvo de muitas doenças transmissíveis, incluindo a covid-19”.


“As habitações do Parque das Tribos são edifícios muito pequenos construídos com materiais de baixa qualidade, sem infra-estrutura básica essencial, como o fornecimento de água potável segura ou esgotos eficazes”, sinaliza o documento que aponta as condições sociais precárias da população como a principal razão para os altos índices de positividade para covid-19.


Além disso, o nível de poder de compra da população do Parque das Tribos é muito baixo, o que dificulta o acesso efetivo a uma alimentação adequada e assistência médica necessária.


“O SARS-CoV-2 atinge as minorias étnicas que experimentam a pobreza multidimensional de forma muito mais dura, principalmente os povos indígenas que constituem cerca de 15% da população que vive em extrema pobreza no Brasil.. Esta população luta para adotar medidas para prevenir e mitigar a disseminação do SARS-CoV-2, uma vez que têm acesso limitado a serviços básicos como saneamento adequado e água limpa”, manifesta o estudo.


Em Manaus, desde o início da pandemia, cerca de 1.292 indígenas testaram positivo, sendo 1.256 curados e 24 morreram pela doença, de acordo com a Plataforma de monitoramento da situação indígena na pandemia do novo coronavírus. A região norte do Brasil apresenta a maior taxa de vulnerabilidade à infecção pelo SARS-CoV-2, no final de março de 2021, o Estado do Amazonas concentrava o maior número de mortes por milhão de pessoas.


A revista científica Nature reforça que ações nacionais que priorizem os grupos étnicos vulneráveis na batalha contra a COVID-19 precisam ser realizadas pelo governo brasileiro.


“Precisamos de políticas públicas que promovam a saúde, moradia adequada e saneamento para essas populações. Caso contrário, os povos indígenas que vivem em áreas urbanas estão condenados a sofrer em níveis sem precedentes durante a atual pandemia”.


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