O jornalista Pedro Duran, da CNN Brasil, precisou ser escoltado pela polícia militar do RJ depois de ser hostilizado no ato bolsonarista neste domingo (23)
O jornalista da CNN Brasil, Pedro Duran, foi hostilizado por bolsonaristas enquanto fazia a cobertura de uma manifestação em apoio ao presidente Jair Bolsonaro, neste domingo (23), no Rio de Janeiro.
Depois de ser expulso por manifestantes sem máscaras, o repórter chegou, inclusive, a ser escoltado pela Polícia Militar para conseguir sair em segurança do local. Além de Pedro, outros jornalistas também foram atacados com xingamentos e ameaças.
Em um vídeo divulgado nas redes sociais, podemos ouvir as ofensas direcionadas a Duran durante o ato realizado no Aterro do Flamengo. Aos gritos, os bolsonaristas o chamam de ‘lixo’, ‘bandido’ e ‘comunista’, também colocam bandeiras e celulares no rosto do jornalista. Veja a seguir:
O presidente Jair Bolsonaro discursou no fim da manhã, criticando a ação de prefeitos e governadores que decretaram o confinamento para retardar a pandemia de Covid-19. Ao seu lado estavam o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, todos sem máscaras.
Em seu Twitter, Pedro Duran, publicou um vídeo que mostra Pazuello sendo recebido aos gritos de ‘mito’:
Em resposta ao caso sofrido pelo repórter da CNN, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgou uma nota de repúdio alegando que o ato caracteriza uma violação à liberdade de imprensa. Leia a íntegra abaixo:
“Abraji repudia ataque a jornalista da CNN que cobria manifestação
Neste domingo (23.mai.2021), durante manifestação de apoio ao presidente da República no Rio de Janeiro, o repórter da CNN, Pedro Duran, foi agredido verbalmente por apoiadores de Jair Bolsonaro. A hostilidade impediu o jornalista de realizar a cobertura do evento. Duran teve de ser escoltado por policiais militares até um carro da emissora, sob gritos de “CNN lixo”.
A intimidação começou quando a imprensa tentava entrevistar o general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde. Nesse momento, a militância bolsonarista passou a gritar “mito” e a cercar os repórteres, de modo a impedi-los de cumprir suas atribuições profissionais. Embora a hostilidade tenha sido dirigida a todos os jornalistas, os bolsonaristas filmaram Duran e divulgaram o vídeo em suas redes sociais, apontando o nome do jornalista, que passou a ser vítima de assédio virtual. Um dos divulgadores do vídeo foi o vereador de Niterói Douglas Gomes (PTC-RJ).
Além de Duran, outros profissionais da emissora foram impedidos de realizar a cobertura por militantes favoráveis ao presidente da República, em diferentes locais da manifestação. A hashtag “CNN lixo” figurou entre as mais comentadas do dia no Twitter, evidenciando mobilização contra a empresa. No dia 8.mai.2021, Jair Bolsonaro havia atacado o jornalista da CNN Fernando Molica na mesma rede social, em resposta a críticas do analista sobre a ação da Polícia Civil fluminense que resultou em uma chacina no Morro do Jacarezinho.
A intimidação de repórteres por políticos e militantes ligados a Jair Bolsonaro tem como objetivo impedir a cobertura de fatos de interesse público e, portanto, é uma violação à liberdade de imprensa. Tal comportamento é incentivado pelo presidente da República, que frequentemente propaga teorias conspiratórias, ofensas e discursos estigmatizantes contra jornalistas. A obstrução do trabalho da imprensa é antidemocrática e se espera dos poderes Legislativo e Judiciário uma posição firme em defesa dos direitos humanos e da civilidade na convivência entre cidadãos de diferentes opiniões.
Diretoria da Abraji, 23 de maio de 2021″
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