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  • Manuela Peres

Incêndio atinge a Cinemateca Brasileira, em São Paulo

Especialistas alertavam para risco de incêndio desde o ano passado.



Foto: Reprodução/Record News

No fim da tarde desta quinta-feira (29) um incêndio de grandes proporções atingiu galpão que armazenava parte do acervo da Cinemateca Brasileira, em Vila Leopoldina, Zona Oeste de São Paulo.

O corpo de bombeiros foi chamado por volta das 18h e enviou 17 viaturas para combater as chamas. De acordo com autoridades, não há vítimas. Os danos e perdas materiais ainda não foram estimados.

Considerado o maior centro audiovisual da América do Sul, a Cinemateca é responsável pela preservação de 40 mil títulos que contam a história do audiovisual do brasileiro desde 1897. São filmes de curta, média e longa-metragem, além de programas de TV e registros de jogos de futebol. Em agosto do ano passado, o contrato entre o governo federal e a organização social que administrava o local expirou. No mesmo mês, as chaves da cinemateca foram entregues à União sob acompanhamento da Polícia Federal.

“Faz um ano que eles estão à frente da Cinemateca. Aí, pagaram as contas de luz atrasadas, apararam a grama, mas por dentro ela continua sem equipe, durante todo este tempo. Não adianta ter a grama cortada e ninguém saber como estão as latas de filme lá dentro”, diz a historiadora e pesquisadora de audiovisual, Eloá Chouzal, integrante do movimento Cinemateca Acesa.

De acordo com o governo federal, o sistema de climatização do prédio passou por manutenção recentemente.

Em nota, a Secretaria Especial da Cultura disse que “lamenta profundamente e acompanha de perto do incêndio” e que “já solicitou apoio à Polícia Federal para investigação das causas do incêndio e só após o seu controle total pelo Corpo de Bombeiros que atua no local poderá determinar o impacto e as ações necessárias para uma eventual recuperação do acervo e, também, do espaço físico”.



Foto: Reuters

Roberto Gervitz, diretor de “Feliz ano velho” (1987) e um dos organizadores do movimento SOS Cinemateca, fez no ano passado um manifesto endossado por mais de 70 associações, entre elas os festivais de Cannes e Berlim. Na ocasião, Gervitz alertou: “Estamos correndo o risco de viver um novo Museu Nacional. É uma tragédia anunciada.”


Durante o Festival de Veneza, o francês Thierry Frémaux – diretor do festival de Cannes – provou que a preocupação com o estado da Cinemateca não era exclusivamente brasileira, e lamentou a situação da instituição: “Quero expressar meu apoio à Cinemateca Brasileira, ameaçada pelo atual governo”, declarou entrevista coletiva com os diretores dos sete maiores festivais de cinema da Europa.


Vale lembrar que este mesmo galpão, que já tinha perdido cerca de 500 obras num incêndio em 2016, também enfrentou um alagamento em consequência de um temporal, em fevereiro do ano passado. A Instituição não divulgou quais itens foram comprometidos na ocasião.


O secretário especial da cultura, Mário Frias, ainda não se manifestou sobre o incêndio.


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