“Nossa pesquisa descobriu que o oceano profundo é um escoadouro de microplásticos”, afirma pesquisadora de novo estudo da CSIRO
Nesta terça-feira (6), foi publicada uma nova pesquisa na revista Frontiers in Marine Science realizada pela agência científica nacional da Austrália, conhecida como CSIRO's Oceans and Atmosphere, que aponta que há mais de 14 milhões de toneladas de microplásticos no fundo dos oceanos – 35 vezes mais do que se supõe ter na superfície.
O trabalho foi realizado em março e abril de 2017, através de uma coleta com submarinos robóticos de amostras localizadas em até 3 mil metros de profundidade, de lugares com até 300 km da costa sul do país, na Grande Baía da Austrália. Então, 51 amostras foram coletadas e analisadas e revelaram que, por grama de sedimento, há uma média de 1,26 pedaços de microplásticos.
Esses microplásticos são pedaços de plástico que foram desgastados pelos elementos em fragmentos minúsculos – menores que cinco milímetros. Segundo os pesquisadores, isso é 25 vezes mais microplásticos do que nos estudos anteriores.
Seguindo uma estimativa global do peso dos microplásticos, os pesquisadores expandiram os dados coletados e concluíram que há uma estimativa de 14,4 milhões de toneladas métricas. Entretanto, isso é apenas uma fração, já que o local era remoto e não totaliza a quantidade anual de plástico no mar.
Portanto, de acordo com o Fórum Econômico Mundial e a CNN, cerca de 150 milhões de toneladas métricas de plástico estão flutuando em nossos oceanos e mais de oito milhões de toneladas vão parar na água a cada ano.
“A poluição do plástico que vai parar nos oceanos se deteriora e se decompõe, terminando na forma de microplásticos. Os resultados mostram que os microplásticos estão de fato se empilhando no fundo do oceano”, afirmou Justine Barrett, líder de estudo do departamento de oceanos e atmosfera do CSIRO através de um comunicado.
Embasado em outro estudo recente sobre o assunto, especialistas apontaram que, mesmo se o mundo iniciasse uma medida imediata para reduzir o consumo de plástico, ainda haveria cerca de 710 milhões de toneladas métricas poluindo o meio ambiente até 2040.
A pesquisadora principal e coautora do estudo, Denise Hardesty, explica que os resultados são de urgência para novas soluções, mas, principalmente durante a pandemia do novo coronavírus, o uso de embalagens plásticas aumentou de forma significativa.
“Isso ajudará a informar estratégias de gestão de resíduos e criar mudanças comportamentais e oportunidades para impedir que plásticos e outros resíduos entrem em nosso ambiente. O governo, a indústria e a comunidade precisam trabalhar juntos para reduzir significativamente a quantidade de lixo que vemos ao longo de nossas praias e oceanos”, afirmou a cientista.
Denise destaca que isso não é apenas trabalho das autoridades, e sim que “todos nós podemos ajudar a reduzir o plástico que acaba em nossos oceanos, evitando aqueles que são utilizados apenas uma vez, apoiando a reciclagem e as indústrias de resíduos e descartando nosso lixo com cuidado para que não vá parar no meio ambiente”.
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