O nível do mar subirá em até 6 metros se todas as geleiras da região derreterem, podendo deixar cidades inteiras submersas
Por Ana Modesto
Por 34 anos, cientistas da Universidade do Estado de Ohio pesquisaram e estudaram 234 geleiras em toda a dimensão do território ártico e estudos que começaram em 1984, terminam em 2018. Nessa pesquisa, foi descoberto que as nevascas anuais já se mostravam insuficientes para transformar todos os pequenos blocos de gelos que se encontram perdidos no derretimento durante o verão, em grandes blocos congelados. Além disso, mesmo que reduza as emissões dos gases que influenciam na intensificação do aquecimento global, a probabilidade que o processo de derretimento das geleiras da Groenlândia não sejam afetadas é grande e, por isso, estudo conclui ser um fenômeno irreversível.
De acordo com a CNN, Ian Howat, co-autor do estudo e um professor da Universidade do Estado de Ohio, fala sobre o evento climático da seguinte forma:
"A camada de gelo está agora neste novo estado dinâmico, onde mesmo se voltássemos a um clima mais parecido com o que tínhamos há 20 ou 30 anos, ainda estaríamos perdendo massa rapidamente"
Já é certo que em consequência desse degelo, o oceano vá crescer ao menos um milímetro por ano, liberando uma quantidade de água suficiente para elevar o oceano em até 6 metros. O que coloca em risco diversas cidades costeiras de ficar parcial ou totalmente inundadas.
Por causa desse derretimento do Ártico, há muito mais água do que antes na região, o que ocasiona a abertura de novas rotas marítimas, e esse fato aumenta também o interesse na extração de vários recursos naturais, como os combustíveis fósseis, por exemplo.
Como o caminho mais próximo para a rota Europa/América do Norte é por meio da Groenlândia, ela acaba tornando-se uma região muito importante para o setor militar americano, pois essa proximidade torna-se favorável para o sistema dos EUA de alertas de mísseis balísticos, e, por coincidência ou não, essa rota passa pela ilha do Ártico.
Por causa dessa tamanha relevância para o país norte americano, em 2019 o Presidente Donald Trump demonstra interesse na possibilidade de comprar a região, mas a oferta é rejeitada. Porém, em compensação, em julho deste ano um consulado norte-americano é reaberto em Nuuk, capital da Groelândia.
Neste estudo foi sugerido que as camadas de gelo polar só sejam totalmente cobertas após seu derretimento, uma vez a cada 100 anos, demonstrando assim a dificuldade que seria de congelar totalmente os blocos de gelos submersos atualmente com uma maior quantidade de água líquida. A partir de observações de satélites, esses cientistas observaram que suas chances eram de 50% em 200, no entanto, elas diminuíram muito até então. Nos últimos anos, a perda de gelo foi tão grande na região que até mesmo o campo gravitacional da Groenlândia foi modificado.
"Amplificação do Ártico" é o processo que ficou conhecido desta maneira, pelo fato de que nos últimos 30 anos o Ártico tenha se aquecido duas vezes mais rapidamente do que o normal e, em julho, a região relata sua menor extensão de gelo em 40 anos. O que preocupa fortemente os cientistas para as consequências negativas deste fenômeno.
De acordo com o portal de notícias O Globo, Michalea King, uma glaciologista da Ohio State University, relata sobre as perdas de gelo permanecerem contínuas, onde mesmo os momentos considerados favoráveis para o crescimento das geleiras não foram suficiente para diminuir o desfalque que está sendo feito. E ainda acrescenta:
"As coisas que acontecem nas regiões polares não ficam apenas nas regiões polares", com essa fala se referindo à necessidade dos países começarem a se preparar para o aumento do nível do mar.
Por fim, de acordo com o portal de notícias G1, Twila Moon, uma glaciologia do Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo, que não esteve envolvida no estudo, diz sobre o que acha do assunto:
"Quando pensamos em ação climática, não estamos falando sobre reconstruir a camada de gelo da Groenlândia. Estamos falando sobre a rapidez com que o aumento do nível do mar atinge nossas comunidades, nossa infraestrutura, nossas casas, nossas bases militares."
Desta maneira, mesmo que as medidas de redução dos gases poluidores na atmosfera terrestre não seja capaz de desacelerar o seu degelo, todas elas são essenciais para, pelo menos, não piorar o que já está ficando ruim.
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