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Estudo de Harvard diz que crianças podem ser mais contagiosas do que os adultos em UTI pela Covid-19

Segundo os autores da pesquisa, o contágio pelas crianças foi descartado inicialmente pelo baixo nível de receptores do vírus apresentado por elas e pela limitação nos testes realizados no início da pandemia


Por Natasha Silveira

Foto: ROBIN VAN LONKHUIJSEN/AFP

Segundo um estudo realizado pela Escola Médica da Universidade de Harvard, EUA, as crianças possuem uma maior disseminação do novo coronavírus do que os adultos. Publicado nesta quinta-feira (19) na revista Journal of Pediatrics, o estudo informa que mesmo as crianças que não apresentam os sintomas podem ser infecciosas. "Ao contrário do que acreditávamos, com base nos dados epidemiológicos, elas não são poupadas desta pandemia", relatou o diretor do Centro de Pesquisa de Biologia e Imunologia do Hospital Geral de Massachusetts, Alessio Fasano.


O estudo apresenta dados diferentes de outros estudos realizados anteriormente, este apresentou evidências concretas de que as crianças podem ser ainda mais contagiosas do que os adultos, incluindo os que estão em níveis elevados da doença, mesmo que estas apresentem sintomas leves. Para realizar o trabalho, foram avaliadas 192 pessoas em idades entre 0 e 22 anos que estavam com suspeita da Covid-19, onde 49 delas testaram positivo e os outras 18 pessoas foram diagnosticadas com a síndrome inflamatória multissistêmica, uma doença que está relacionada à covid-19 e que se desenvolve após algumas semanas de ocorrer a infecção.


Os maiores níveis virais foram encontrados nos bebês e jovens adultos, Fasano e seus parceiros do Massachusetts General e do Hospital Pediátrico MassGeneral, Boston (EUA), encontraram um maior nível viral nas vias aéreas das crianças infectadas, parte em que é um dos principais intermediário de transmissão, do que nos adultos que estavam na UTI.


A maioria daqueles que foram infectados com a doença estavam na faixa etária entre 11 e 16 anos, porém 27% das crianças que testaram positivo possuíam uma comorbidade em comum: a obesidade. Nenhuma das crianças apresentaram doenças cardíacas, pressão alta ou diabetes, que são doenças características das pessoas do grupo de risco. Entretanto, a obesidade não aparentou ser um papel tão importante naqueles contaminados pela Covid-19.


Em estudos anteriores, cientistas consideraram que o número menor de receptores do coronavírus nas crianças poderia significar uma carga viral menor do que nos adultos, mas o estudo atual da Harvard quebrou esse paradigma e informou que as crianças podem ser ainda mais contagiosos apesar da vulnerabilidade à covid-19. De acordo com Fasano, as crianças foram descartadas na hipótese de contágio pela maioria ter apresentado sintomas muito leves do coronavírus e, por isso, foram negligenciadas ao grupo demográfico no início da pandemia. Alessio Fasano e a médica Lael Yonker disseram ao jornal O Globo que essa despreocupação em relação às crianças se deu devido a limitação dos testes no início da pandemia, quando só os pacientes em estados graves da Covid-19 realizavam os testes.


Com os novos resultados, os pesquisadores alertam sobre um novo risco de contaminação em relação a volta às aulas. "Quanto mais entendemos, mais isso aponta que ninguém é poupado nesta pandemia", disse Fasano. Os autores da pesquisa concluíram, "Se precauções adequadas não forem adotadas quando os alunos voltarem à escola, as crianças podem causar a próxima onda da pandemia de Covid-19, nosso estudo demonstra que o monitoramento de sintomas, incluindo a checagem de temperatura, não são confiáveis para identificar a doença em crianças".


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