Ernesto Araújo pede demissão do cargo

Saída do ministro de Relações Exteriores reflete seu embate com parlamentares

Foto: Antonio Valiente/Agência RBS

O ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, pediu demissão na última segunda-feira, 29/03, durante um encontro com o presidente Jair Bolsonaro. Araújo vinha sofrendo pressões, sobretudo por parlamentares, por conta de falhas em suas relações diplomáticas, que teriam dificultado o Brasil de receber vacinas contra a Covid-19.

Araújo ainda teria se envolvido em mais um embate com parlamentares, após afirmar em uma postagem no Twitter que a senadora Kátia Abreu (PP-TO), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, havia cobrado seu apoio à nova tecnologia chinesa 5G, alegando que esse seria o real interesse dos parlamentares, e não as vacinas. O ocorrido complicou ainda mais a situação do ex-ministro no Itamaraty.

Kátia Abreu definiu Araújo como “a face de um marginal”, que viveria “à margem da boa diplomacia, à margem da verdade dos fatos, à margem do equilíbrio e à margem do respeito às instituições”.

Na noite de ontem, a senadora declarou que o ex-ministro já sabia de sua demissão no momento em que a reunião em que o tema do 5G havia sido abordado, e que ele é o responsável de o Brasil ter sido o último país a ter entrado no consórcio e a receber vacinas.

Ainda na segunda-feira em que o ex-ministro desocupou o cargo, um grupo de senadores já se reunia para solicitar o pedido de impeachment de Ernesto Araújo.

Durante a manhã, Ernesto Araújo se dirigiu ao Palácio do Planalto para se reunir com o presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e com Filipe Martins, assessor especial para assuntos internacionais da Presidência.

Dentre os nomes cotados para assumir o cargo de ministro de Relações Exteriores, estão o almirante Flávio Rocha, seu assessor, Flávio Firmeza, o embaixador Carlos Alberto Franco França (ex-chefe do Cerimonial de Bolsonaro) e o embaixador Luiz Fernando Serra (embaixador do Brasil na França).