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Entregadores de aplicativos farão greve no dia 1 de julho

Sofrendo por péssimas condições de trabalho, entregadores promovem paralisação e pedem apoio à população


Por Natasha Silveira

Imagem: Reprodução/Twitter @tretanotrampo

Na próxima quarta-feira (1), ocorrerá uma paralisação nacional do serviço de entregadores nos aplicativos de delivery, que cobram melhores condições de trabalho para os entregadores de aplicativos como Rappi, Ifood, Ubereats, Loggi e James. Em razão da pandemia, os entregadores precisaram trabalhar ainda mais do que o costume, já que o serviço foi considerado como atividade essencial. Entretanto, a realidade em que estão vivendo é bem diferente da que os aplicativos tentam mascarar.


Os casos de Covid-19 continuam aumentando, e quem pode ficar em casa se dá ao luxo de pedir uma refeição pelo aplicativo. Mas o entregador que busca essa refeição está se expondo e sem condições satisfatórias de serviço, já que algumas dessas empresas não estão fornecendo as máscaras e o álcool em gel, como foi recomendado. Muitas vezes, esses entregadores ouvem grosserias dos clientes pela demora da entrega, algum erro no pedido cometido pelo restaurante, e recebem a culpa que deveria ser do estabelecimento. Para cada reclamação feita ou cada pedido cancelado pelo cliente, os entregadores recebem uma taxa que fica como dívida no aplicativo e que será descontado do valor total que deveria receber pelas entregas.


A Equipe Femme News conversou com um dos entregadores que irá aderir à greve, mas, pelo receio de sofrer um bloqueio pelo aplicativo em que presta serviços, preferiu disponibilizar apenas seu primeiro nome, Fernando.


"Estou como entregador há exatamente um ano. Escolhi esse trabalho por necessidade, fiz cinco períodos de psicologia, mas não pude concluir por falta de condições e fiquei desempregado numa empresa de telemarketing. Hoje moro com meu companheiro e precisamos muito desse mínimo de renda para pagar nosso aluguel", relata Fernando.


"A paralisação surgiu com o propósito de chamar atenção dos superiores das empresas dos aplicativos, pois sempre reclamamos e não conseguimos respostas. Eles usam um script robótico para nos dispensar e não deixa a gente entrar em contato, e se fizermos muitas reclamações somos bloqueados". O entregador ainda alega que, caso sofram um acidente enquanto realizam uma entrega, algumas empresas solicitam que o entregador faça o pagamento do pedido, sem prestar nenhum atendimento de apoio ao ocorrido com o entregador, outras pedem somente a devolução do produto ao estabelecimento.


De acordo com Fernando, em um dos aplicativos os entregadores precisam acumular pontos durante todo o dia para conseguirem se conectar na semana seguinte, e caso o entregador não obtenha a pontuação necessária ele não poderá voltar a rodar, o aplicativo não irá gerar entrega para este entregador. O trabalhador ainda afirma que os meios de transporte também sofrem uma diferença no valor recebido pelas entregas:


"Uma vez eu estava no restaurante e tocou um pedido para mim de bike e para um motoqueiro, foi o mesmo cliente e a mesma quilometragem, eu de bike recebi R$ 3, mas o motoqueiro recebeu R$ 7".


Ao ser questionado sobre o que pretendem reivindicar com a paralisação, Fernando respondeu "Queremos um frete justo, suporte mais humano, que acabe com os bloqueios indevidos e que acabe o sistema de pontuação dos fins de semana. Se o trabalho é livre, queremos nos conectar quando quisermos. A pessoa vai ficar se matando o dia todo nos fins de semana obrigatoriamente para ser chamado de autônomo? Injusto".


Contudo, como os usuários poderão apoiar o movimento? Não fazendo pedidos. Os trabalhadores pedem que os clientes evitem de realizar pedidos durante o dia da paralisação e que ajudem na divulgação pelas redes sociais para que mais pessoas fiquem cientes sobre o acontecimento, mas alerta que os aplicativos costumam liberar alguns cupons de descontos com o intuito de enfraquecer o movimento. Sejamos solidários para que estes trabalhadores consigam uma forma justa e segura de trabalhar, que muitas vezes é o único meio de sustento que possuem nesse momento delicado que todos vivemos.


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