top of page
  • Yngrid Alves

Entenda a problemática em torno da fala bifóbica de Juliette no BBB21

"Lucas desp*rocado, bissexual, que não decide o que quer”, essa foi a fala da sister que revoltou internautas nas redes sociais

Imagem: TV Globo

Nesta quarta-feira (17), foi a vez da festa do líder Fiuk animar a noite dos brothers e sisters no Big Brother Brasil. O tema escolhido pelo cantor foi “Drift”, uma vertente de corridas de carro. Em uma das conversas da noite, a que envolveu Juliette, João Luiz e Carla Diaz no quarto colorido foi polêmica nas redes sociais e gerou desaprovação de muitos internautas.


Os três estavam conversando sobre o status de relacionamento dos demais participantes da casa, e quando foi a vez de Lucas Penteado, a sister Juliette relembrou o episódio do beijo dele com Gilberto e insinuou que a bissexualidade do ator era por ele ‘não decidir o que quer’. O vídeo repercutiu nas redes e causou divergências de opiniões ao levantar um debate sobre bifobia.


Entre os internautas a discussão foi intensa, pois a oposição alegou preconceito da parte de Juliette, enquanto a torcida da paraibana não viu problema na fala da sister e dizem não haver maldade.

Segundo a ONG Livres & Iguais, o termo bifobia se refere ao preconceito destinado àqueles que se consideram bissexuais, ou seja, que se sentem atraídos sexualmente, romanticamente e afetivamente por mais de um gênero. A entidade ainda diz que os estereótipos negativos sobre pessoas bissexuais incluem mitos de que estariam “querendo chamar atenção” ou “apenas experimentando” e de que seriam “imorais” ou “instáveis”. Como no caso de Juliette que ainda questionou o porquê Penteado não tomou iniciativa com Gilberto antes.


A negação à existência da bissexualidade ou sua banalização e redução a uma mera “indecisão” fazem vítimas todos os dias. Na Escócia, por exemplo, 48% da comunidade bissexual enfrentam comentários bifóbicos e 38% vivenciam comentários sexuais indesejados sobre a sua sexualidade. No entanto, deve ser unânime o pensamento de que assim como no território escocês, a realidade lá também é reproduzida no mundo todo.


Além disso, o apagamento dessa orientação sexual não se dá somente no meio heteronormativo, mas também dentro da comunidade LGBTQI+. O LGBTI Equality Network, do Reino Unido, fez uma pesquisa com bissexuais em 2015 onde 66% das pessoas entrevistadas se sentiam pouco ou totalmente excluídas da comunidade LGBTQIA+ e 69% tinham os mesmos sentimentos relação a heterossexuais.


Portanto, o sentimento de não pertencimento e rejeição é muito bem conhecido por bissexuais, que além de tudo, não têm o acolhimento da própria comunidade – que calhou de ser a maioria na torcida de Juliette. Assim como João Luiz rebateu a fala da sister ao argumentar que Lucas não deve decidir entre homem e mulher, bissexuais reforçam isso todos os dias ao serem questionados e criticados por sua orientação sexual.


Mulher bissexual não existe apenas para servir fetiche de hétero e homem bissexual não existe porque é ‘gay encubado’. É sobre vidas e identidades de milhões que está em pauta, e devem ser respeitadas como tal.


bottom of page