Embaixador do Brasil decide não comparecer em evento após saber de homenagem à Marielle Franco
- Femme News
- 18 de jul. de 2020
- 2 min de leitura
Na mesma ocasião, foi inaugurada o jardim da capital francesa que recebeu o nome da vereadora assassinada
Por Natasha Silveira

Luis Fernando Serra, embaixador do Brasil na França, decidiu cancelar sua participação no evento acadêmico, que reuniu 540 professores e estudiosos brasileiros residentes no continente europeu, em Paris, após descobrir que seria feita uma homenagem a vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018. A prefeita da capital francesa, Anne Hidaldo, iria realizar a inauguração de um jardim com o nome de Marielle.
As informações foram obtidas pelo colunista Jamil Chades, do UOL, e confirmadas pelo portal ÉPOCA, e estão nos telegramas enviados pelo diplomata ao Itamaraty, em Brasília. Ao todo, foram 17 documentos fornecidos pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE) depois do requerimento solicitado pela bancada do PSOL na Câmara, o partido solicitou o acesso as comunicações internas referentes a possibilidade de haver mudanças de comportamentos em seus postos no exterior em relação com as investigações da morte da vereadora.
Em agosto do ano passado, o embaixador Luis Fernando Serra relatou ao ministério sobre o congresso da Associação de Brasilianistas na Europa (ABRE) que ocorreria nos dias 18 e 21 de setembro, contando com a presença de professores e estudiosos brasileiros, em local cedido pela prefeitura de Paris. Serra enviou um telegrama dizendo "após a palestra final da conferência, deverá ser dada a palavra à prefeita para 'prestar homenagem à brasileira Marielle Franco ' e então ela tornará pública a localização de jardim da capital francesa que receberá oficialmente o nome da vereadora brasileira". E então, tornando este o motivo para faltar ao evento, Serra concluiu: "Ante o exposto, tomei a iniciativa de cancelar minha participação no referido evento".
Após ser questionado sobre a participação na inaguração do jardim, o Itamaraty informou que a embaixada não havia sido contatada ou até convidade para a cerimônia, segundo o telegrama enviado pelo diplomata em 26 de setembro, a informação que havia sido recebida pelos correspondentes brasileiros foi de que estariam presentes no local a filha e os pais da vereadora.
Além disso, o embaixador já esteve envolvido em mais uma polêmica após responder uma carta da senadora francesa Laurence Cohen, presidente do grupo interparlamentar de amizade França-Brasil, onde ela questionou o governo brasileiro a respeito das investigações sobre o assassinato de Marielle Franco. A resposta de Serra foi de que "com profunda consternação que observava que o assassinato de Celso Daniel e o ataque à vida de Bolsonaro ão tiveram o mesmo eco na França que o assassinato de Marielle, que foi até motivo de uma mobilização da Assembleia Nacional". Essa resposta foi compartilhada por Cohen sem seu Twitter.
Segundo o MRE, as instruções à Embaixada do Brasil na França em razão do episódio "foram preparadas com base em informações sobre o andamento das investigações" recebidas pelo ministério, e ressaltaram "o caráter sigiloso das investigações". A bancada do PSOL questionou a respeito da linguagem "agressiva e pouco protocolar" do diplomata para a senadora, entretanto o ministério afirmou que o "chefe do posto possui prerrogativa de adequar os termos de sua resposta às circunstâncias".
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