Bolsonaro disse que Brasil é alvo de “campanha de desinformação” em relação às queimadas da Amazônia e Pantanal
O presidente Jair Bolsonaro fez hoje (22/9) o discurso de abertura da 75º Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Em vídeo gravado, devido à pandemia do novo coronavírus, Bolsonaro falou sobre a emergência de saúde pública no Brasil, suas consequências e demais assuntos como as queimadas que atingem a Floresta Amazônica e o Pantanal.
A Aos Fatos, agência de checagem de fatos, já apresentou pontos do discurso de Bolsonaro como inverdades ou distorções. O presidente disse que “nosso agronegócio continua pujante e, acima de tudo, possuindo e respeitando a melhor legislação ambiental do planeta. Mesmo assim, somos vítimas de uma das mais brutais campanhas de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal”, culpando a imprensa de veicular mentiras nas coberturas de queimadas nos dois biomas brasileiros.
Segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) em 2020, 69,5 mil focos de calor foram registrados na Amazônia, o que pode indicar incêndios. Já no Pantanal, os focos de calor indicaram maior alta entre os biomas neste ano, com aumento de 219% em relação ao mesmo período no ano passado.
Bolsonaro disse que “Nossa Floresta [Amazônica] é úmida e não permite a propagação do fogo em seu interior. Os incêndios acontecem praticamente, nos mesmos lugares, no entorno leste da Floresta, onde o caboclo e o índio queimam seus roçados em busca de sua sobrevivência, em áreas já desmatadas.”
A Aos Fatos checou esta fala do presidente e a considerou falsa, uma vez que mesmo a Floresta Amazônica sendo ultraúmida, a ação humana provoca queimadas no bioma. Não existem provas de que os índios e caboclos são responsáveis pelas queimadas da Floresta.
Sobre a pandemia do coronavírus no Brasil, Bolsonaro disse que desde o início da emergência de saúde pública alertou sobre o problema do vírus e do desemprego no Brasil e que tratou os dois com a mesma responsabilidade.
A Aos Fatos considerou esta fala de Bolsonaro falsa, uma vez que: “em levantamento feito nas redes e nas falas do presidente, Aos Fatos encontrou declarações do tipo ao menos desde o dia 15 de março, data de uma entrevista à CNN Brasil. O presidente, porém, não tratou as duas questões com o mesmo peso, já que, desde o início da pandemia no país, ele tem minimizado os efeitos da Covid-19.”
Bolsonaro também disse uma inverdade, segundo a Agência, sobre o valor do auxílio emergencial pago por seu governo durante a pandemia. Segundo o presidente “[seu governo] concedeu auxílio emergencial em parcelas que somam aproximadamente 1000 dólares para 65 milhões de pessoas, o maior programa de assistência aos mais pobres no Brasil e talvez um dos maiores do mundo.”
Segundo o Aos Fatos, a soma total de parcelas do auxílio emergencial somam R$ 4.200. O valor equivalente ao dólar na cotação de 21 de setembro é US$ 771,49. Ele apresentou um valor 23% maior que a realidade em seu discurso.
Além disso, Bolsonaro acusou a imprensa brasileira de “politizar o vírus” e “disseminar o pânico entre a população”, se referindo ao apoio de parte da imprensa à medidas de distanciamento social consideradas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como a melhor forma de conter a pandemia do novo coronavírus.
Veja aqui o vídeo do pronunciamento de Bolsonaro e leia discurso na íntegra. Confira também a checagem de fatos do discurso pela Agência Aos Fatos.
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