Descarte incorreto das máscaras de proteção poluem as praias do Rio de Janeiro
- Femme News
- 3 de ago. de 2020
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Máscaras e luvas estão mais presentes no nosso cotidiano devido a pandemia do novo coronavírus, mas se torna um problema ao chegar nas praias e oceanos
Por Natasha Silveira

Como se não bastasse os lixos e diversos tipos de plásticos encontrados nos mares, agora as águas do Rio de Janeiro enfrenta um novo problema para a vida marítima e preservação ambiental: as máscaras descartáveis. O descarte incorreto das máscaras acaba chegando aos oceanos e se tornam "alimento" para os peixes e as tartarugas, ou voltam para a orla da praia, ficando largadas nas areias.
O fotógrafo Ricardo Gomes, também formado em Biologia Marinha pela UFRJ e diretor do Instituto Mar Urbano, faz o registro da biodiversidade marinha carioca há mais de 20 anos. Nas últimas terça (28) e quinta-feira (30), Ricardo esteve nas praias do Rio e na Baía da Guanabara para observar o que o descarte indevido tem causado às praias, em Ipanema foi possível ver máscaras descartáveis boiando nas águas da praia.
"Desde que liberaram, em julho, atividades nas praias, tenho visto essas máscaras no mar. Vale lembrar que enxergamos na superfície apenas 15% do lixo oceânico. Se encontramos algo boiando, é só a ponta de um iceberg", relata o fotógrafo ao jornal O Globo. A Enseada de Botafogo, o Arpoador, a orla da Ilha do Governador e a "Praia do Plástico", no Fundão, são os locais com maior predominância do acúmulo das máscaras descartáveis nas águas e areias.
"Em 30 anos, o plástico virou o item mais visto nos mergulhos marítimos, mas agora é como se, de uma vez só, tivesse surgido uma "espécie nova" de lixo no ambiente aquático. Tartarugas e peixes já devem estar comendo as máscaras porque elas lembram muito uma água-vida", informa o fotógrafo.
Para o ambientalista Sérgio Ricardo Verde, fundador do movimento Baía Viva, mesmo que as informações ambientes sejam uma caixa-preta no estado do Rio, estima-se que até a Olímpiada de 2016, o lixo flutuante já chegava as 90 tonaeladas. A ONG chegou a fazer uma denúncia no dia 30 de março aos promotores federais e estaduais, que resultou em inquéritos sobre o risco de infecção nas estações de esgoto, e solicitou que fosse realizado um plano de contingência.
Mas este não é um problema apenas no Rio, em maio deste ano foi visto um volume alarmante de máscaras descartadas nas praias e trilhas naturais de Hong Kong. Alguns grupos ambientalistas estão tentando alertar sobre o perigo do descarte indevido das máscaras, além de prejudicarem a vida marítima também auxiliam na disseminação de germes pelos locais. Em uma das ilhas hongueconguesas, foi encontrado mais de 70 máscaras descartadas em um trecho de 100 metros em uma das praias, uma semana depois foram encontradas mais 30 máscaras no local.
A orientação da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) é de que as máscaras e luvas sejam descartadas, preferencialmente, em lixo sanitário. O indicado é que seja evitado que os garis possam ter contato direto com os acessórios descartados, para não haver contaminação. Em casos em que a pessoa estiver fora de casa, descartar os acessórios em recipientes de lixo espalhados pela cidade, também oferecem riscos de contaminação durante a coleta do lixo.
Segundo o epidemiologista Ricargo Igreja, as máscaras reutilizáveis de tecido eram menosprezadas pela área da medicina durante alguns anos atrás, mas no cenário atual pode diminuir o uso das descartáveis e evitar o acúmulo de lixo na ruas e nas praias. Entretanto, ainda faltam alguns estudos que comprovem sua eficácia e que estabeleça um limite adequado para as lavagens.
"Por enquanto, está valendo o bom senso, a lavagem depois do uso. Colocar no rosto uma máscara caseira de tecido é melhor que não utilizar nada, e funciona mais para a pessoa não transmitir a doença do que para pegar", informou o epidemiologista ao O Globo.
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