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Thamires Melo

Como a pandemia evidenciou o ódio “anti-asiático” já existente

Agressões contra pessoas amarelas têm tomado grandes proporções no Brasil e no mundo


Imagem: Genaro Molina/Los Angeles Times

Na última semana, em Atlanta, nos EUA, um atentado deixou 8 mortos, entre eles 6 mulheres asiáticas. O atirador abriu fogo contra 3 SPAs, empreendimentos tradicionalmente amarelo-asiáticos nos Estados Unidos da América. Dois dias depois uma idosa asiática de 70 anos foi atacada e agredida com um soco por um homem branco enquanto andava nas ruas de São Francisco (EUA).


Segundo o Centro para o Estudo de Ódio e Extremismo dos EUA casos de racismo contra asiáticos americanos aumentaram 150% durante a pandemia. A crise sanitária, atrelada a discursos como o do ex-presidente norte-americano, Trump, que se referiu diversas vezes ao novo coronavírus como “vírus chinês”, reforça um pensamento xenofóbico já existente no ocidente.


Para a estudante de Relações Internacionais e criadora de conteúdo Miwa Kashiwagi, discursos preconceituosos de representantes políticos, como chefes de Estado, dão legitimidade a pensamentos de mesmo teor. “Isso dá um certo respaldo para pessoas que já pensavam assim tomarem algum tipo de atitude”, afirma ela.


Apesar do preconceito contra pessoas amarelas ter tomado evidência nos últimos meses, não é uma novidade para elas. A psicóloga, Karina Tiemi Kikuti, publicou no último sábado (20) uma série de dados que confirmam como "micro agressões e outros tipos de discriminações sempre fizeram parte da experiência de ser ‘racializade amarele’”. Segundo Tiemi, em referência a Takeuchi (2009), o “perigo amarelo” sempre esteve no imaginário brasileiro “enquanto ameaça de contágios de vícios e doenças, supostamente transmissíveis por indivíduos de origem asiática”.


Confira a publicação:



Miwa Kashiwagi diz também que o preconceito contra pessoas amarelas é pouco discutido, principalmente no Brasil. “Temos uma falsa sensação de que essas pessoas não sofrem aqui (Brasil), quando é justamente ao contrário.”, diz ela. Para a estudante de RI, a organização de grupos e comunidades asiáticas nos EUA são mais articuladas por terem sido muito mais reprimidas durante o processo de segregação norte-americano.


Em um vídeo publicado por Kashiwagi, é possível compreender o atentado de Atlanta como crime de ódio, a partir da inserção de métodos e agressões direcionadas a asiáticos dentro da história norte-americana. A promoção do ato de exclusão chinesa no século XIX e a invasão e ocupação de diversos países asiáticos por anos, deixando rastros de violência contra povos originários dessas localidades, são exemplos disso.


Confira o vídeo do IGTV:




Para a estudante, pessoas amarelas não estão imunes ao preconceito no Brasil. “O maior problema é que no Brasil não temos nenhuma pesquisa e nenhuma fonte de dados pra dimensionar o tamanho do problema”, conclui ela.


Miwa descreve o racismo contra asiáticos como uma transição entre estereótipos criados pela branquitude. Para ela, é fácil transitar entre o status de “minoria modelo” —descrito como “asiáticos comportados, na maioria das vezes de pele clara, cabelo liso, esforçados e hiper meritocráticos”— e o status de “Chinês sujo que come cachorro e não é confiável”, acrescenta ela. A criadora de conteúdo afirma que basta ter atitudes que desagradam e resistem ao preconceito vindo de pessoas brancas para ser atacado. A estudante foi vítima de diversos ataques racistas após a produção do vídeo, que denuncia atos violentos e preconceituosos contra asiáticos.


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