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Yngrid Alves

Censo Demográfico não será realizado em 2021 por falta de verba, informou o Ministério da Economia

Secretário da Fazenda, Waldery Rodrigues, confirmou a informação nessa sexta-feira

Foto: Reprodução/FAEPE

Nessa sexta-feira (23), o secretário especial da Fazenda Waldery Rodrigues confirmou que o Censo Demográfico de 2021 foi cancelado pois ‘não há previsão orçamentária’. A verba destinada ao IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), órgão responsável por conduzir o Censo, era de R$ 2 bilhões, porém sofreu um corte de 96% de seu orçamento e foi reduzida para 71 milhões.


Devido a esse corte, o IBGE suspendeu as provas dos concursos para a contratação de recenseadores pois a redução inviabilizava a realização da pesquisa de 2021.

“Não há previsão orçamentária para o Censo. Portanto, ele não se realizará em 2021. As consequências e gestão para um novo Censo serão comunicadas ao longo deste ano, em particular em decisões tomadas na Junta Execução Orçamentária’, declarou o secretário.

O último Censo realizado foi em 2010 e, por lei, deve ocorrer a cada dez anos. Em 2020, a pesquisa foi adiada devido à pandemia e o dinheiro destinado foi realocado para o combate ao coronavírus. Essa é a primeira vez desde a criação do IBGE, em 1936, que o Censo não vai ser realizado.

Em entrevista dada à Globonews, o ex-presidente do IBGE, Roberto Luis Olinto, que comandou o órgão entre 2017 a 2019, considerou a situação uma ‘tragédia’ e um ‘apagão’. "Todo planejamento do país necessita a cada dez anos de um detalhe minucioso no nível do município. O que está acontecendo não é apenas um apagão. Tá eliminando do país a possibilidade da cidadania. Cidadania significa tomar decisões onde você tem capacidade de olhar o detalhe. O que vai acontecer sem o Censo é uma destruição completa do país se conhecer. A pandemia mudou muito esse país. Você não pode abrir mão desse Censo. É uma tragédia, um apagão, uma coisa inaceitável. A que ponto nós chegamos?", critica.

O também ex-presidente do IBGE e do BNDES, Paulo Rabello de Castro, definiu o cancelamento como ‘catástrofe estatística’. “Além da catástrofe sanitária da Covid e da catástrofe ambiental, agora teremos a catástrofe estatística. É pior do que o governo não providenciar vacina para a Covid, pois estaremos trabalhando com dados irreais. Essa gente é destituída de inteligência e de conhecimento”, disparou.

O Governo, no entanto, nega o risco de shutdown - paralisação da máquina pública: "Entendemos que neste momento... não corremos risco de termos parada em nenhum dos ministérios", disse Waldery em entrevista coletiva sobre os dados do Orçamento.

Em nota, a direção do IBGE disse que retomará as tratativas com o Ministério da Economia "para planejamento e promover a realização do Censo em 2022, de acordo com cronograma a ser definido em conjunto com o ME”.

Importância do Censo Demográfico

Segundo o site oficial do Censo, o objetivo da pesquisa é ‘contar os habitantes do território nacional, identificar suas características e revelar como vivem os brasileiros, produzindo informações imprescindíveis para a definição de políticas públicas e a tomada de decisões de investimentos da iniciativa privada ou de qualquer nível de governo’.

Na carta de demissão de Susana Guerra, ex-presidente do IBGE, a economista reiterou que o cenário da pandemia é motivo suficiente para ocorrer a pesquisa. “A importância do Censo é reafirmada pelo próprio contexto de pandemia, que coloca ao país uma ampla gama de profundos desafios. O Censo é crítico nesse processo, uma vez que só ele será capaz de revelar, com precisão, essa realidade”, defendeu.

Segundo o levantamento feito pelo GUIA, o Censo 2021 permitiria traçar o cenário brasileiro pós-pandemia, fundamental para as futuras campanhas de vacinação. Além de identificar grupos vulneráveis ao risco de contágio, também possibilitaria fundamentar políticas na área de educação, muito afetada pelo fechamento das escolas em 2020, e a falta de acesso à internet nas regiões mais pobres.

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