O show aconteceu em uma escola pública na Maré, zona norte do Rio
Por Priscila Simões.
Na manhã desta quarta-feira o cantor Belo foi preso pela Delegacia de Combate às Drogas (DCOD) por ter realizado um show no sábado de carnaval (13) em que houve aglomeração, descumprindo as normas de prevenção da Organização Mundial da Saúde (OMS) em combate à pandemia do coronavírus, e também pelo evento ter sido realizado em prédio público sem autorização da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e nem pela Secretaria de Estado de Educação (Seeduc), o que ocasiona suposta invasão.
A operação que é chamada pela DCOD de “É o que eu mereço” tem como alvo não somente o cantor, como também Célio Caetano e Henrique Marques, os sócios da produtora Série Gold, que foi a organizadora do evento, e também Jorge Luiz Moura Barbosa, conhecido como Alvarenga, chefe do tráfico do Parque União.
Belo foi preso em Angra dos Reis enquanto gravava um quadro para o programa Hora do Faro, já Célio Caetano foi preso em Macaé, Henrique Marques foi preso no Rio, e o traficante Alvarenga não tem informação até o momento.
O delegado titular do DCOD, Gustavo de Mello de Castro disse à imprensa:
"Como se tal situação, por si só, não fosse absurda e suficiente para uma resposta do Estado, foi verificado junto à Seeduc que o evento ocorreu sem qualquer autorização, configurando verdadeira invasão de um prédio público para a realização de um evento privado, contrário ao interesse público e que serviu para propagar ainda mais a doença viral."
De acordo com a polícia, Belo e os outros investigados irão responder por quatro crimes, sendo eles: infração de medida sanitária, crime de epidemia, invasão de prédio público e associação criminosa.
O cantor se posicionou quanto à prisão
Na delegacia Belo deu a seguinte declaração:
"Até agora eu não entendi o que eu fiz para estar passando por isso aqui, eu não sei o que que fiz. Eu quero saber qual o crime que eu cometi. Eu só subi no palco e cantei, é isso o que eu faço."
Em uma outra entrevista, dessa vez à TV Globo, ele relatou:
"Fizemos o show seguindo todos os protocolos. Não temos controle do geral. Isso nem os governantes têm. As praias estão lotadas, transportes públicos, e só quem sofre as consequências são os artistas. Que foi o primeiro segmento a parar, e até agora não temos apoio de ninguém sobre a nossa retomada. Sustentamos mais de 50 famílias."
O cantor ainda acrescentou que o pagamento foi feito entre a empresa que o contratou (Série Gold), com a empresa dele, negando qualquer irregularidade nessa questão.
Gracyanne Barbosa, esposa do cantor, o acompanhou na delegacia e fez um desabafo nas redes sociais alegando que o artista precisa trabalhar para que sustentem as despesas incluindo as pessoas que trabalham com o artista, e ainda afirmou que tanto o cantor como toda a equipe cumprem as normas de prevenção exigida além de fazerem testes regularmente para garantir segurança de todos.
A assessoria do artista também se posicionou nas redes sociais questionando caso o show fosse na zona sul do Rio se teria o mesmo desfecho, já que houveram diversas denúncias de eventos culturais tidos como clandestinos nessas localidades e aparentemente não foi realizada nenhuma operação por parte da polícia.
Busca e apreensão
Foi efetuado busca na sede da produtora Série Gold, onde foram apreendidos equipamentos, a aparelhagem de som, documentos e veículos. Na casa de Belo, foram apreendidos dinheiro e duas pistolas, além do computador. Na delegacia, foi constatado que as armas estavam registradas no nome do cantor e a polícia considerou a posse legal.
Vale lembrar que essa não é a primeira vez que Belo é preso. Já houveram duas outras situações. Em 2002 ele foi preso acusado de associação com o tráfico, na ocasião conseguiu recurso e obteve direito de responder em liberdade, porém foi preso novamente em 2004 quando o Ministério Público recorreu e aumentou a pena.
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