João Pedro Rocha reflete sobre alternativas sustentáveis durante a campanha eleitoral
Durante as campanhas eleitorais os candidatos são autorizados a fazer publicidade, isso significa que os cidadãos recebem panfletos e que em seguida, os pisos da cidade também.
Basta olhar para as calçadas para perceber que a fonte de poluição do processo eleitoral mais visível são os santinhos e as colinhas – pequenos papeis com o número dos candidatos.
Além de extrapolar o consumo de recursos naturais para a produção, ao serem descartados no chão acabam por gerar uma grande quantidade de lixo, entupindo bueiros e mais tarde podendo até causar enchentes.
Preocupado com o impacto que a propaganda política pode ter no meio ambiente, o candidato a vereador do Rio de Janeiro, João Pedro Rocha, produziu uma “colinha ecológica” que é feito com papel reciclável e armazena sementes de couve.
Ligado nas redes sociais, ele dá o mérito da ideia aos seus seguidores.
“Duas semanas atrás bombou na internet um vereador que fez um ‘santinho’ de papel semente e várias pessoas e eleitores me mandaram falando ‘João, você precisa fazer isso’ e como a gente ainda não tinha feito a ‘colinha’, lá fomos nós”, conta João.
Até agora, no Brasil, somente dois outros candidatos tiverem ideias semelhantes.
O candidato a vereador se juntou com o designer sustentável, Sebastian Bieberle, dono da Schöpf Papier, para a elaboração da “colinha”. Em entrevista para o Femme News, ambos afirmam que o processo é algo simples. Sebastian compara a produção do produto com o de fazer um sanduíche.
“A produção é bem simples, a gente faz como se fosse um sanduíche. Pegamos uma folha de papel feita a mão e molhamos ela, em seguida pegamos outra folha com o mesmo formato e material, mas dessa vez seca. A partir disso, colocamos a semente no meio, como se fosse o recheio. O papel fica todo molhado e depois colocamos para secar”, explica Sebastian.
O candidato a vereador percebeu que tem motivado mais possíveis eleitores depois de implementar o produto a publicidade eleitoral dele.
“O material alcança as pessoas de uma forma diferente e mostra que eu estou fazendo o processo preocupado com o meio ambiente. Ao entregar o papel semente, você explica para a pessoa o contexto e em seguida diz sua proposta. Ou seja, a cada santinho que você entrega você tem a quase certeza de que as pessoas param para olhar com mais atenção”, afirma João.
Ao ser questionado sobre uma possível tendência do material ecológico, João afirma que antes de virar moda é necessário que a classe semipolítica tenha uma crença maior sobre o material publicitário. Além disso, ele reflete sobre o entendimento coletivo de que quantidade é qualidade.
“Por ser um material mais caro e de produção manual, é necessário que o candidato acredite no poder. Garanto que 1000 santinhos normais não tem o mesmo impacto do que produzir 100 sustentáveis”, declara o candidato.
Partindo da experiência como Agricultor Urbano, ele defende a pauta da sustentabilidade e garante que durante toda a campanha se esforçou ao máximo para evitar a produção de resíduos, mas não conseguiu.
João conta que de início, não queria produzir material impresso, mas percebeu que o apenas o material digital é excludente, visto que existem pessoas que não conseguem acessar o conteúdo.
A partir daí ele implementou, primeiramente, a ventarola pensando em servir como leque para as pessoas que sofrem no calor do transporte público da cidade, e em seguida a “colinha” ecológica.
“O formato do leque e o papel semente são formas que a gente encontrou para que as pessoas não jogassem no chão. Na ventarola, colocamos um PR- Code para que as pessoas se aprofundem mais na proposta, evitando que a gente faça aquele ‘folhetinho’ em formato de revista e produza ainda mais lixo” explica.
Diante da produção desse material, João conta que começou a pensar em formas de equacionar essa conta para não prejudicar tanto o meio ambiente. Foi feito um cálculo de compensação das emissões que foram geradas e ainda serão durante a reta final da campanha e ele declara que vai plantar um pouco mais de 100 árvores.
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