Brasil tem 10,3 mil casos confirmados de coronavírus entre indígenas, dizem entidades
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- 3 de jul. de 2020
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Número da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) é maior que o da Secretaria de Saúde Indígena, do Ministério da Saúde. E a MPF investiga distribuição de cloroquina a indígenas e acesso às reservas sem autorização dos povos em Roraima
Por Karina Oliveira

O Brasil tem 10,3 mil casos confirmados de coronavírus entre indígenas, segundo dados contabilizados nesta quinta-feira (2) pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). Entidade contabiliza 408 mortes até o momento. A Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde, apresenta um número menor: 6,8 mil confirmados até esta quarta-feira (1º). A Apib atribui essa diferença ao fato de a Sesai não estar fazendo atendimento e registros dos indígenas infectados que moram em cidades.
O governo federal afirmou que a Sesai monitora 750 mil pessoas da população de 1 milhão de indígenas no país, dos quais 250 mil vivem em áreas urbanas. A Apib, porém, afirma que a secretaria contabiliza somente casos em terras indígenas homologadas. A compilação dos dados da Apib é realizada pelo Comitê Nacional de Vida e Memória Indígena e por organizações de base da entidade, além de outros grupos que colaboram com a iniciativa. Segundo a entidade, a coleta dos dados é independente e centralizada e inclui também os dados da Sesai e das secretarias municipais e estaduais de Saúde.
A Fundação Nacional do Índio (Funai) afirmou no início de junho que investiu R$ 20,7 milhões em recursos emergenciais e ações de combate à doença, que incluem a entrega de cestas básicas e a implementação de barreiras sanitárias contra a entrada em terras indígenas.
Mas com o acontecimento atual a MPF irá investigar distribuição de cloroquina a indígenas e acesso às reservas sem autorização dos povos em Roraima, irão apurar se houve desrespeito à decisão de isolamento impostas pelas comunidades e aponta que equipes deveriam ter feito quarentena prévia antes de entrar nas regiões. Desde o dia 30 militares estão na Terra Yanomami e Raposa Serra do Sol em ação de saúde, além de ter a presente ação ilegal de garimpeiros. Surucucu foi à região visitada pelo ministro da Defesa. A ida ao território ocorreu três dias depois que o povo Yanomami denunciou o risco de um "ciclo de violência" após jovens indígenas serem mortos por garimpeiros.
O Ministério da Saúde disse ter enviado às duas regiões testes rápidos de coronavírus e medicamentos como azitromicina e cloroquina , não foi informado se a intenção é usar nos tratamentos de pacientes com o coronavírus. O uso não é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A presença de equipes de fora na Terra Yanomami também preocupa o Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kuana (Condisi-Y). Um ofício enviado ao MPF, Funai e Ministério da Defesa alertou para os risco de terem pessoas infectadas entre os profissionais e, consequentemente, o risco de transmissão aos povos.
"Alegaram a realização do teste rápido para Covid-19 em todas as pessoas que participaram da ação, incluindo jornalistas que vieram de outros países, porém o teste rápido é indicado apenas entre o sétimo e décimo dia do início dos sintomas, como febre e tosse. Não é recomendado para uso em toda a população, uma vez que não consegue diagnosticar o início da doença", cita trecho do ofício.
5 povos com o maior número de infectados:
· Guajajara - 513
· Xikrin do Cateté - 259
· Guarani Mbya - 218
· Baré - 185
· Tiriyó/Kayuana – 168
Fonte: G1



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