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Brasil registra 1 milhão de casos recuperados pela Covid-19

A equipe do Femme News entrou em contato com pessoas que se recuperaram para saber detalhes de como foi o processo da doença


Por Natasha Silveira

Atualmente, o Brasil já atingiu o registro de 1.810.691 casos confirmados pela Covid-19 e 70.623 mortes, assim como também já foram registrados 1 milhão de casos recuperados pela nova doença, chegando a 59% do total do número de infectados pelo país, segundo dados recentes do Ministério da Saúde.

A equipe do Ministério da Saúde divulgou, em entrevista coletiva realizada em Brasília, que a evolução da pandemia no país apresenta uma estabilidade na curva de números de mortes, entretanto, houve um aumento na curva dos casos confirmados. Porém, mesmo após o paciente estar devidamente curado da doença, ainda podem existir complicações em decorrência do vírus. Especialistas apontam que existem riscos dos recuperados sofrerem sequelas no cérebro, nos rins, nos pulmões e no coração.

"Podemos dizer que saímos da urgência para um quadro com características crônicas, que pede cuidados prolongados de uma equipe multidisciplinar", relata o pneumologista Gustavo Prado do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo. Sendo o órgão mais afetado pela doença, o pulmão pode ter uma recuperação mais lenta em relação aos outros órgãos, após a saída do vírus ainda pode haver inflamação durante algumas semanas, o que compromete o funcionamento total dos pulmões. Em alguns casos, o coronavírus deixa cicatrizes chamadas fibroses, em casos de outras infecções respiratórias o quadro do paciente se torna irreversível, a fibrose se forma devido a inflamação intensa nos alvéolos, estruturas que fazem as trocas gasosas, e no interstício, que fica entre o alvéolo e os pequenos vasos sanguíneos. O pneumologista afirma que quando o interstício fica comprometido é por estar ligado a sequelas de insuficiência respiratória.

Entre os sintomas, podem ocorrer cansaço leve, redução na resistência em exercícios físicos ou alterações em exames, mas quando os pulmões ficam ainda mais prejudicados é necessário tratamento de fisioterapia, a cardiologista Ludhmilla Hajjar, professora da Universidade de São Paulo (USP), explica “É possível que 10 a 20% dos entubados evoluam com necessidade permanente de oxigênio”.

O cantor dinho Ouro Preto relatou, em entrevista no programa Encontro com Fátima Bernardes, da TV Globo, seus problemas após sua recuperação do coronavírus "Em um primeiro momento, tive problemas ligados à respiração. Tentei correr e quase tive um um troço. Tenho a impressão que a recuperação do pulmão foi um pouco mais demorada do que eu antecipava. Fiquei com problemas nas cordas vocais, tive dificuldade de cantar, cheguei a fazer umas sessões de fono para recuperar a minha voz. A minha capacidade atlética, antes eu corria diariamente, eu ainda não voltei à forma de antes. Mas está tudo bem. Eu tive uma versão moderada do vírus”. Dinho também contou de outras doenças que se recuperou ao longo da vida, como gripe suína e dengue.

Em decorrência das pesquisas e dos casos de recuperados, a equipe do Femme News entrou em contato com alguns pacientes que se curaram do novo coronavírus a fim de saber como foi feito o processo de recuperação deles e quais sintomas apresentaram após a cura da doença. Em entrevista ao Femme News, Matheus Santos, 21 anos, relatou como foi o processo inicial da doença em seu pai Mário Jorge, 50 anos, “Os sintomas começaram a aparecer nele em um domingo, não conseguia ingerir nada e quando conseguia acabava vomitando, ele sentiu muito frio. A decaída aconteceu muito rápido, na terça-feira ele foi ao médico e a saturação dele estava em 87, 88, e o médico recomendou que ele retornasse na quinta-feira para analisar se teria melhora ou piora do quadro, mas na quarta-feira tivemos que voltar a uma clínica e outro médico confirmou que ele estava com o coronavírus e o quadro dele já estava bem avançado”.

O pai de Matheus precisou ficar internado do dia 14 e recebeu alta no dia 29 de maio, após fazerem todos os exames que comprovaram o comprometimento dos pulmões de Mario pela doença. Em outra situação, um casal também teve algumas complicações durante a recuperação da doença, Priscila e Cláudio, 34 anos, relataram sentir alguns dos sintomas por mais alguns dias após o encerramento dos medicamentos prescritos pelos médicos.

Confira como foi a fase de recuperação das famílias:


- Apresentou muitos sintomas do novo coronavírus? Qual foi o sintoma mais complicado entre os que sentiu?

Matheus: Os sintomas do meu pai foram a falta de apetite, a ausência do paladar e quando respirava doía demais, a diabetes e a pressão alta ficavam alternando, quando a diabetes aumentava a pressão ficava estável, quando a pressão aumentava a diabetes ficava estável.

Priscila: Sim, tive todos os sintomas, mas o mais complicado foi a falta de ar. Também fiquei com a pele muito ressecada, a boca seca e os pés rachados.

Cláudio: Apresentei dor de garganta, no primeiro dia, a partir do segundo dia tive a perda do olfato e do paladar. Após esses, senti falta de ar extrema, dor no tórax e nas costas.


Qual foi sua maior preocupação quando descobriu ter se contaminado?

M: Nossa maior preocupação foi dentro de casa porque ele ficou muito tempo dentro do quarto, então todos decidimos dormir na sala para deixar o quarto arejado. Após a internação dele limpamos tudo.

P: Minha maior preocupação era ficar internada e entubada.

C: O mais preocupante foi a falta de ar, fiquei preocupado de ter que ir parar no hospital e ser entubado. Mas, além disso, a preocupação maior era de contaminar minhas filhas (11 e 8 anos), fiquei trancado no quarto, porém acabaram se contaminando também, com sintomas mais leves.


Estava seguindo as recomendações de isolamento social antes de se contaminar?

M: Estava sim, aqui em casa somos em 5 e todos fomos contaminados, mas em graus mais leves. Acreditamos que meu pai possa ter se contaminado numa ida ao mecânico, que foi de urgência pois precisa do carro para trabalhar.

P: Estava seguindo as recomendações dentro do possível, já que precisava sair para resolver alguns problemas.

C: Antes de me contaminar segui as recomendações, mas sou farmacêutico e precisei continuar trabalhando.


A partir de quantos dias começou a apresentar melhoras?

M: Assim que ele saiu do hospital estava consideravelmente melhor, só a parte motora que demorou a voltar um pouco porque ele passou muito tempo deitado, então o corpo tem que reaprender a fazer os movimentos.

P: Comecei a melhorar aos poucos, foi bem lento pois me sentia bastante debilitada por conta da falta de ar, comecei a me sentir melhor após uns 15 dias.

C: Assim que comecei a tomar os medicamentos senti uma melhora nos sintomas, algumas vezes regredi um pouco e logo em seguida sentia uma nova melhora.


Após a cura da doença, sofreu com algumas sequelas dos sintomas causados?

M: Faz quase 2 meses que ele já se recuperou e ainda sente algumas comidas amargando na boca, mas o médico disse que é normal.

P: Após a recuperação total não fiquei com nenhuma sequela.

C: Não tive nenhuma sequela, depois dos 30 dias com a falta de ar, segui normal e sem problemas.


Por quanto tempo persistiram os sintomas depois da sua recuperação?

M: Por cerca de 2 meses.

P: Os sintomas perduraram por mais ou menos 1 mês.

C: Passei 30 dias ainda com a falta de ar, devido a infecção nos pulmões por causa da doença, mas o médico disse que era normal. Depois desse tempo não senti mais nada.


Se considera 100% livre de todos os sintomas?

M: Ele se considera livre, mas ainda estamos de olho caso algum sintoma volte a aparecer.

P: Sim, me sinto 100% recuperada da doença.

C: Sim, hoje me considero 100% livre de todos os sintomas.


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