Bolsonaro diz que "não há nenhum foco de incêndio, nem um quarto de hectare desmatado" na Amazônia

Apesar do que os dados demonstram, Bolsonaro informou que a Amazônia continua intacta e que o desmatamento na floresta está diminuindo

Por Natasha Silveira

Foto: REUTERS/Adriano Machado

Nesta terça-feira (11), o presidente Jair Bolsonaro esteve em uma videoconferência na 2° Cúpula Presidencial do Pacto de Letícia, com presidentes de países da região amazônica. Durante a videoconferência, o presidente afirmou que o Brasil está sendo alvo de tantas críticas de outros países de forma injusta por causa do desmatamento na Amazônia, já que o Brasil é "potência no agronegócio"e que, apesar do país ser ameaçado a todo tempo, ainda existem "alguns poucos brasileiros" que vão contra o governo quando o assunto é esse.

"O fato de que maior parte da floresta amazônica permanece intacta é a comprovação de que nossos Estados são perfeitamente capazes de cuidar desse patrimônio com atenção aos aspectos ambientais, sociais e econômicos", relatou o presidente e também disse aos embaixadores e representantes de outros países que sobrevoassem pela região de Manaus e Boa Vista. "Eles não acharão nenhum foco de incêndio, nem um quarto de hectare desmatado. Que essa floresta é preservada por si só. Até mesmo pela sua pujança, bem como por ser floresta úmida, como em grande parte dos senhores, não pega fogo", completou Bolsonaro.

O presidente continuou afirmando de que "essa história de que a Amazônia arde em fogo é uma mentira e nós devemos combater isso com números verdadeiros". De acordo com o que foi dito pelo presidente, os dados apresentam que houve uma redução de 28% no desmatamento em relação ao ano de 2019, entretanto, Bolsonaro não citou que também houve um avanço de 34% nos números totais do desmate. Estes dados foram divulgados pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) na última sexta-feira (7), o mesmo instituto que recebeu críticas feitas por Bolsonaro no passado.

No domingo (2), o Inpe informou que os focos de incêndios aumentaram em 28% na Amazônia no mês de julho, sobrepondo-se ao mesmo período em 2019 que havia sido considerado o ano mais devastador nas queimadas pela região, de acordo com a agência espacial norte-americana Nasa. Do dia 31 de agosto de 2019 até o dia 31 de julho deste ano, foram emitidos alertas de desmatamento em 9.205km de área da floresta amazônica, o equivalente a seis vezes do tamanho da cidade de São Paulo. Nos meses entre agosto de 2018 a julho de 2019, esse número era de 6.844km .

“Aos poucos estamos mostrando ao mundo a realidade da Amazônia, e essa realidade é bem diferente daquela que a imprensa, e até alguns governos estrangeiros, apresentam”, informou o presidente. Entre os presentes estavam os presidentes Iván Duque (Colômbia, Jeanine Áñez (Bolívia), Martín Vizcarra (Peru), os embaixadores da Guiana e Suriname e Lenín Moreno (Equador), a reunião teve transmissão em tempo real nas plataformas do governo colombiano e não pelo governo brasileiro. No final da videoconferência, foram divulgadas as falas do presidente Jair Bolsonaro através da Secretaria Especial de Comunicação (Secom).