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Foto do escritorJessica Mesquita

Beco do Batman é pintado de preto em homenagem a artista morto por PM em SP

No lugar dos murais, ficam as frases “Justiça na Vila Madá” e “Vila Madalena nunca mais vai ter o mesmo brilho”

Foto: LELA BELTRÃO/ El País

Os grafites famosos do Beco do Batman ganharam uma nova cor depois da morte de Wellington Copido Benfati (40), artista multifacetado conhecido como NegoVila. A tinta preta cobriu todo os grafites coloridos que fizeram do Beco do Batman, na Vila Madalena, um dos principais pontos turísticos de São Paulo. Em protesto ao assassinato no artista, que foi morto com um tiro no tórax pelo sargento da polícia militar Ernest Decco Granaro, que não estava fardado, na madrugada de sábado. Grafiteiro, skatista, rapper e produtor cultural, NegoVila deixa uma filha de nove anos.


Segundo relatos de testemunhas ouvidas pelo EL PAÍS, Nego tentou apartar uma briga que ocorria em frente à distribuidora Royal Bebidas, na rua Inácio Pereira da Rocha, em Pinheiros, por volta das 4h30. O PM Granaro, que não estava fardado e participava da confusão, lhe deu um soco no rosto. Ele revidou, e o policial fez um primeiro disparo para cima, o que provocou correria no local. O segundo tiro foi no peito da vítima, que chegou a ser socorrida para o Pronto Socorro da Lapa, também na zona oeste, mas não resistiu.


Apesar de ter alegado legítima defesa, o sargento da Polícia Militar (PM) Ernest Decco Granaro, de 34 anos, foi detido em flagrante por outros policiais militares e levado para o presídio Romão Gomes, destinado a PMs e acabou indiciado por homicídio na Polícia Civil.


No lugar dos Murais, ficam as frases “Justiça na Vila Madá” e “Vila Madalena nunca mais vai ter o mesmo brilho”. O protesto contra a morte de Nego nasceu do grafiteiro Frederico George Barros Souza, 40, o Ninguém Dorme.


“Conheço ele desde os dez anos de idade. Somos crias da favela do Mangue, aqui na Vila Madalena. A Vila perdeu um de seus filhos mais queridos. Aqui ele nasceu e aqui ele fez sua passagem”, relatou à reportagem do El Pais. “Não dá para afirmar que isso só ocorreu com ele por ser negro, mas pela violência e racismo que vemos contra nossa cor no dia a dia, acho muito difícil que um policial branco assassinasse um outro homem branco nessas circunstâncias.” Ele também foi homenageado nas redes sociais por artistas como Os Gêmeos e Lino & Guru.



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