Com aulas presenciais suspensas desde o começo estudantes e corpo docente ainda buscam as melhores maneiras para adaptar-se às consequências do ‘novo normal’
Por Bruna Ferreira
Alunos em casa, dificuldade de adaptação e inserção são alguns dos problemas gerados pela Covid-19 que também afetou a educação. As escolas de todo o Brasil estão desde meados de março com as aulas suspensas, pelo menos, no formato presencial. Essa pausa no ano letivo trouxe muitas incertezas aos professores e estudantes. Muitas instituições a fim de diminuir os efeitos da pandemia optaram por ministrar aulas online. Entretanto, nem todos os alunos conseguiram adaptar-se ao novo formato, seja por não renderem da mesma forma ou por não possuírem acesso às ferramentas necessárias, além da grande desigualdade digital, que preocupa principalmente aqueles que irão prestar algum tipo de vestibular.
No cenário atual, o acesso à internet se fez ainda mais necessário para garantia da aprendizagem e do cuidado da saúde mental. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua - Tecnologia da Informação e Comunicação (Pnad Contínua TIC) 2018, divulgada pelo IBGE, 1 em cada 4 brasileiros não tem acesso à internet. Logo, quem não está incluído nesse novo formato corre o risco de ficar ainda mais excluído. Algumas instituições por terem optado pelo ensino à distância ainda seguem com avaliações, o que infelizmente prejudica aqueles que por alguma razão não tem acesso às ferramentas necessárias para dar continuidade ao processo de aprendizagem.
Para as instituições…
Com a volta do semestre letivo, as instituições precisam encontrar formatos que possibilitem a manutenção das aulas, muito em muitos locais do país, as instituições permanecerão com aulas à distância. A adaptação das instituições é essencial para conseguir acolher todos os alunos, sem nenhum tipo de exclusão. “Por termos uma certa deficiência digital em muitos lares, a melhor forma de inclusão é aquela em que as escolas são capazes de ofertar para os alunos diferentes estímulos de aprendizado. A escola precisa oportunizar algum meio para esse aluno, seja por orientação de atividades, indicação de leituras, qualquer mecanismo de inclusão que atenda a necessidade particular de cada aluno”, afirmou Pedro Rocha, coordenador pedagógico do Colégio Pensi, no Rio de Janeiro. Ele também completou falando sobre a avaliação dos estudante no momento atual, “a reprovação seria muito binária, porque não oportunizaria o estudo daqueles que tem mais dificuldades para se adaptar e amadurecer nesse meio. É também papel da escola, dos órgãos de educação, de alguma maneira garantir algum mecanismo de verificação de aprendizagem a esses alunos, adequando-se a sua realidade para que a aprovação ou reprovação seja de forma fidedigna mensurada.”
Como os estudantes estão lidando?
A Universidade de Brasília, depois de duas semanas com aulas em formato ead decidiu suspender o semestre letivo, a estudante de biologia Joyce Ribeiro falou sobre a breve experiência, “acordava 8h da manhã para ir dormir às 2 ou 3h da madrugada para conseguir entregar as atividades, então eu estava tendo uma carga horária muito maior do que o normal, na faculdade eu ficava das 8 às 18h, claro que também tinham as atividades por fora, mas eu fiquei muito sobrecarregada, não conseguia fazer outra coisa que não fossem as atividades”, afirma. A estudante destacou: “A universidade parou mas a nossa vida não, eu tenho 20 e poucos anos e quero formar logo, trabalhar logo e isso me afetou muito, me sinto muito parada, estou dependendo do EAD da universidade e ao mesmo tempo sei que vai ser muito difícil para outras pessoas.”
Para muitos estudantes, as aulas à distância não são a melhor alternativa, e os motivos são inúmeros. Existem aqueles que decidiram não dar continuidade aos estudos para evitar o desgaste emocional e financeiro, os que não tem condições para participar das aulas porque não possuem uma boa conexão com a internet, etc. Quem pode continuar ainda luta para conseguir se adaptar e seguir para o próximo semestre. “O semestre passado teve um peso maior que os outros presenciais, tendo em vista que muitos alunos tiveram que se desdobrar para ter um acesso de qualidade as aulas. Reforço que o formato tem suas vantagens, mas todos foram pegos de surpresa. O rendimento ficou prejudicado, o que fez com que muitos alunos desistissem de encarar o segundo semestre do ano”, destacou Izabel Santos estudante de direito.
As instituições de ensino, os professores e estudantes estão em um processo de adaptação, a inclusão daqueles que não possuem acesso aos canais utilizados está servindo principalmente para mostrar um grande déficit em relação ao modelo de educação. O formato das avaliações teve que mudar para que elas pudessem ser feitas, muitos estudantes fizeram as provas em casa, alguns não tiveram avaliações, outros ainda esperam o retorno das aulas.
Comments