Aniversário de Frida Kahlo, 66 anos após sua morte
- Femme News
- 6 de jul. de 2020
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Em meio a tantas dores e sofrimento, a pintora continua surpreendendo seus admiradores em suas obras e fragmentos de história sobre a sua vida
Por Natasha Silveira

Em julho, mais precisamente no dia 6, é lembrado o aniversário da pintora Frida Kahlo, e que também foi o mês de sua morte. Nascida em 1907, Frida gostava de dizer que, na verdade, tinha nascido em 1910, o ano em que se iniciou a Revolução Mexicana, e assim se declarava como a "filha da revolução".
Descendente de alemães e indígenas, Frida sempre buscava valorizar sua cultura expressando nas suas obras e no seu modo de se vestir. Suas roupas sempre coloridas e cheias de detalhes serviam como uma lembrança às suas raízes, enquanto escondia as deformidades que acometeram a sua perna.
"Eu não estou doente… Eu estou despedaçada… Mas me sinto feliz por estar viva enquanto eu puder pintar." - Frida Kahlo
Aos 6 anos, ela contraiu poliomielite e, por consequência, sua perna direita ficou mais fina e mais curta, o que acredita-se ter dado início à sua obsessão pelo próprio corpo. Aos 18 anos, outro acidente. Frida voltava da Escola Nacional Preparatória, onde estudava para Medicina, quando o ônibus em que estava bateu em um trem elétrico. Ela teve sua coluna quebrada em diversas lugares por um corrimão que atravessou sua barriga, e seu pé direito foi esmagado.
Devido ao acidente, a artista precisou ficar acamada e se descobriu na pintura. Além de um passatempo, era seu conforto em meio a tantas dores após passar por tantas cirurgias. Ao todo, Frida fez 30 cirurgias durante toda a sua vida.
Foi na mesma Escola Preparatória em que Frida conheceu Diego Rivera, um muralista mexicano que se tornou seu grande amor e marido, e com quem teve uma conturbada relação amorosa e repleta de traições.
"Diego, houve dois grandes acidentes na minha vida: o bonde e você. Você sem dúvida foi o pior deles.” - Frida Kahlo
Eles se casaram em 1929, ela aos 22 anos e ele aos 43, na Casa Azul em que Frida nasceu, viveu, e hoje é o Museu Frida Kahlo. Mas as idas e vindas foram inúmeras devido às traições de Diego, uma delas com sua própria irmã mais nova, Cristina Kahlo. Incentivada por Diego, Frida também teve relações com outras mulheres, em sua maioria as amantes do próprio marido, e teve uma breve relação com o marxista Leon Trotsky, que ficou abrigado em sua casa durante um período, mas logo expulso por Diego após descobrir do relacionamento.
Em vida, Frida Kahlo era conhecida apenas como a "esposa do Diego", e suas obras só foram reconhecidas após sua morte, a partir de 1954.
"Pinto a mim mesma porque sou sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor." - Frida Kahlo
Sua principal inspiração para as suas pinturas surgiu pelas dificuldades e angústias por causa de sua condição, mas buscava sempre manter a influência da sua identificação mexicana esbanjando as cores fortes, referências indígenas e símbolos folclóricos. Em meio a autorretratos, retratos e natureza morta, Frida Kahlo criou mais de 200 obras. As principais são:
Autorretrato em vestido de veludo, 1926;
O ônibus, 1929;
Frida Kahlo e Diego Rivera, 1931;
Henry Ford Hospital, 1932;
Autorretrato com colar, 1933;
Meu Vestido Pendurado Lá (New York, New York);
Meus avós, meus pais e eu, 1936;
As duas Fridas, 1939;
Autorretrato com cabelos cortados, 1940;
Autorretrato com colar de espinhos e colibri, 1940;
Autorretrato como tehuana, 1943;
Diego em meu pensamento, 1943;
O veado ferido, 1946;
Diego e eu, 1949;
O marxismo dará saúde aos doentes, 1954.
É comum encontrar visões de sofrimento em suas obras. A artista transmitia todas as dores que a assombravam, fossem externas ou internas, e em muitas de suas obras possui sangue, ela mesma sofrendo e em hospitais.
Mesmo tendo se tornado um ícone dentro do feminismo, Frida nunca se apresentou como tal. Ativista comunista, ela estava sempre à frente do seu tempo, seja casando com um homem 21 anos mais velho, usando trajes masculinos e até mesmo sem esconder sua bissexualidade. Frida nunca escondeu sua essência e suas diferenças, pelo contrário, as esbanjava. Mantinha com orgulho sua 'monocelha', afirmando que esta e seus olhos eram as partes mais bonitas do seu corpo.
Frida Kahlo morreu aos 47 anos, vítima de uma embolia pulmonar por consequência de uma pneumonia, mas existem diversas teorias que alegam um suposto suicídio da artista, que tentou algumas vezes com facas e martelos.
"Que minha partida seja feliz, e desejo que eu nunca tenha que regressar." - Frida Kahlo
Mesmo tantos anos após sua morte, Frida segue sendo inspiração em diversas culturas e sua arte segue espalhada pelo mundo todo, sem deixar morrer seu maior legado.
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