A importância de falar sobre a educação sexual
- Femme News
- 26 de jun. de 2020
- 3 min de leitura
Mesmo com a relutância em explicar sobre o assunto, evitar a orientação correta não diminui os casos de gravidez precoce, doenças sexualmente transmissíveis e abusos sexuais
Por Natasha Silveira

Apesar de ser um tema recorrente nos tempos atuais, ainda é muito discutido sobre haver a importância ou não de ter educação sexual nas escolas. Há quem pense que este é um assunto para ser tratado em ambiente familiar e há aqueles que pensam que falar sobre sexo e sexualidade ainda é um tabu e um assunto errado. Vimos bastante de ambos os discursos antes das eleições presidenciais de 2018, quando o então deputado Jair Bolsonaro fazia críticas ao livro Aparelho Sexual & Cia, alegando que se tratava de um "kit gay" criado por Fernando Haddad. No entanto, por que é tão errado falar sobre isso?
Ao contrário do que muitos argumentam, evitar falar sobre sexualidade, atividade sexual e a mudança que ocorre nos corpos dos jovens não é o caminho mais rápido para evitar que acidentes aconteçam. Em estimativa realizada pela OMS, nas últimas décadas o número de meninas que engravidaram em idades entre 10 e 20 anos foi de 13 milhões, por ano mais de 400 mil bebês nascem de mães adolescentes.
Fora a gravidez, segundo a ONU, a cada 3 minutos uma menina com idade entre 15 e 19 anos são infectadas com o vírus HIV e a taxa de meninos de 20 a 24 anos com aids cresceu 133% entre os anos 2007 e 2017. Além das DST's e a gravidez precoce, a falta de informação nos leva a outra questão de extrema importância: o abuso sexual. Em 2018, o Brasil teve 66 mil vítimas de estupro e 53,8% eram meninas de até 13 anos, de acordo com o registro divulgado pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública. A pesquisadora Cristiana Neme afirma: "o perfil do agressor é de uma pessoa muito próxima da vítima, muitas vezes seu familiar", e não é difícil encontrar relatos de meninas e meninos que foram abusados na infância pelos avôs, tios, pais, padrastos e amigos próximos da família.
Segundo pesquisadores e estudos acerca do assunto em todo o mundo, falar sobre a educação sexual nas escolas faz com que adolescentes e jovens tenham uma iniciação sexual tardia em relação aos que não possuem a orientação sobre o tema. O papel da escola em ensinar sobre o assunto e conscientizar jovens e crianças está ligado ao fato de que o tema não é muito bem tratado pelos pais, às vezes se torna uma tarefa difícil para os responsáveis explicar da maneira correta e muitos deles também não tiveram a orientação certa, além da vergonha de falar sobre o assunto.
No dia 20 de julho de 2019, no programa Altas Horas, o convidado Fernando Monstrinho, integrante do grupo Raça Negra, disse ser contra o ensinamento de educação sexual nas escolas e a sexóloga Laura Muller explica como ocorre o processo do ensinamento:
“Vamos explicar o que é a sugestão dos parâmetros curriculares nacionais. Desde 1997 o tema sexualidade aparece transversal no ensino a partir dos 6 anos de idade. É a sexualidade como um conceito amplo, como nosso jeito de ser no mundo, como o nosso jeito de ser homem e ser mulher no mundo. O que é isso? É a forma da gente lidar com o nosso mundo interno, nossas emoções, nossos sentimentos, nossos valores, nossas crenças, e da gente lidar com o mundo ao redor. Isso não é sexo, é sexualidade, que pode incluir o sexo quando a gente estiver num momento mais adulto, mais amadurecido.”
Assista à explicação completa no vídeo:
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