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Foto do escritorAna Modesto

Ricardo Salles defende "boi bombeiro" como solução para as queimadas no Pantanal

Ministro diz que o aumento de incêndios no Pantanal é causado pela ausência da pecuária e do fogo frio


Foto: Reprodução/Gustavo Basso

Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente e Tereza Cristina, ministra da Agricultura, defendem nesta terça-feira (13) a proposta de criação de gados no Pantanal e também do uso do "fogo frio" como medida de precaução de futuras queimadas.


Ricardo Salles nega qualquer envolvimento com algum possível desmonte da área ambiental da região em sua liderança. Segundo ele, a principal causa das longas temporadas de queimadas no Pantanal provém das altas temperaturas atingidas neste ano, que se intensificaram com a baixa umidade. Entretanto, organizações ambientais julgam que a situação crítica na região ocorreu também por ações humanas.


Salles ainda defende o uso do "fogo frio", que consiste em um fogo aplicado propositalmente, mas de forma controlada para reduzir o volume orgânico depositado na terra. No entanto, este é um método preventivo que necessita de cuidados para ser executado, onde tem hora e forma correta de aplicação.


Na última semana, em uma audiência pública do Senado, realizada para um maior acompanhamento dos incêndios no região, Tereza afirma que o boi é o "bombeiro do Pantanal" e alega que altas nos incêndios deste ano ocorreram pela ausência desses animais no bioma. A ministra classifica a situação atual como desastrosa.


A proposta consiste na ideia de que os bois iriam se alimentar do capim seco e, ao se alimentarem, causariam a diminuição do tamanho do planta. Logo, ao diminuírem, reduziria também a probabilidade de incêndios. O ministro do Meio Ambiente discursa em favor da proposta:


"Nós concordamos. Ouvimos de várias fontes diferentes a necessidade de haver um reconhecimento do papel da criação de gado no Pantanal, uma vez que o gado também contribui para diminuir o que há de excesso de matéria orgânica, o capim, enfim, o pasto que ele ajuda a reduzir", afirmou Ricardo Salles.


Em julho, Bolsonaro havia proibido a realização de queimadas por 120 dias no Pantanal e na região Amazônica, com algumas exceções. No Mato Grosso do Sul, já era proibida a queimada controlada há anos por sua grande dificuldade de controle.


As sanções ao Ibama caíram 60% no primeiro semestre deste ano se comparado a 2019. De acordo com o Ministério Público Federal, Ricardo Salles interferiu na fiscalização do Ibama após pressões do presidente Bolsonaro devido à destruição das máquinas usadas por grileiros na Amazônia.


Daniel Rocha, delegado da Polícia Federal, declara que os focos de incêndio entre o período de junho a julho ocorreram em regiões distantes de Corumbá (MS) e dentro de propriedades rurais, por isso não poderia ter motivação humana. Em contrapartida, peritos da reserva particular do Patrimônio Natural Sesc Pantanal, na região de Barão do Melgaço, em Mato Grosso apontam que os incêndios foram realizados intencionalmente para criação de regiões próprias para o pasto e para o gado.


Quando Salles motiva o aumento da quantidade de massa orgânica na região pela ausência da pecuária e do fogo frio, o líder do ministério relembra o artigo de Arnildo Pott, ex-pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) que inspiraram diversos pesquisadores, como Evaristo Miranda, Pesquisador da Embrapa Territorial que possui posicionamentos questionados por parte do meio científico. Apesar disso, ministro afirma estar aberto para ouvir a todos os lados, de forma equilibrada e critica "seleção de alguns que se dizem porta-vozes da ciência."


Ele ainda declarou na audiência que o governo federal acrescentou 3 mil brigadistas ao programa, o que, segundo ele, já é o dobro do ano passado. O governo aumentou também para dez aviões lançadores de água no combate às chamas.


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