Um importante filólogo e estudioso da língua portuguesa, Napoleão de Almeida, destaca em seus estudos a relevância da diversidade brasileira, ainda segundo o autor, a língua pode ser considerada o principal elemento de unificação do país. Contudo, segundo o filólogo a identidade nacional não é unificadora, ou seja, em diferentes regiões no mesmo território podem ser detectadas espectros culturais totalmente diferentes entre si. Trata-se de uma grande divergência, não apenas de pequenas diferenças.
Esse fenômeno pode ser definido como multiculturalismo. Conforme foi dito anteriormente, esse fator pode ser um problema em relação à construção do espírito de nação. No entanto, com as devidas ações de política pública essa característica pode ser transformar em elemento essencial na construção de uma sociedade que se utiliza das diversas perspectivas para solucionar seus problemas internos. Portanto, contribuir para um projeto de nação forte que propõe soluções próprias ajuda o país a se desvincular da influência de outras nações. Podendo inclusive se tornar um modelo de inspiração para eles.
Uma alternativa à polarização
Promover e valorizar a diversidade cultural pode ser um analgésico ao maior sintoma da contemporaneidade: a polarização. Uma das propriedades da polarização é a ideia da defesa da satisfação individual acima do bem comum. De acordo com o filósofo polonês Zygmunt Bauman, o individualismo é o maior sintoma daquilo que no cenário atual, o qual ele conceitua como Modernidade Líquida. De acordo com Karl Max, a transformação social só acontece mediante a luta de classes. Amparados pela teoria baumaniana e com um olhar apurado podemos identificar que existe uma grande dificuldade de se pensar coletivamente.
Portanto, o conhecimento do outro e de suas diferenças pode contribuir para o reconhecimento da existência de outras demandas que não as demandas individuais. Além de conhecer a heterogeneidade é necessário coibir incisivamente as ações preconceituosas e/ou etnocêntricas.
Já que está tão em voga recuperar alguns valores arcaicos e religiosos, seria uma boa ideia resgatar também alguns conceitos como: senso de comunidade, amor ao próximo e solidariedade. Aliás, seria bom resgatar aquilo que o sociólogo Émile Durkheim chamou de solidariedade mecânica, ou seja, aquele presente em pequenas comunidades ou tribos.
Enquanto cada brasileiro não puder responder a pergunta. “que país é esse”, a sociedade não será capaz de pensar em um projeto de nação unificadora.
Commentaires