Segundo estudo da Fenaj há 169 obtidos de jornalistas no Brasil até o momento
Nesta quarta-feira (7), completa 90 anos que o Dia Nacional do Jornalista foi declarado pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI) em homenagem ao médico e jornalista brasileiro, Giovanni Battista Libero Badaró. Esta data homenageia as pessoas que cotidianamente mantém a sociedade informada, mas, principalmente, neste momento pandêmico é cada vez mais necessário a propagação de informações que mantenham a população consciente dos perigos da Covid-19 e suas formas de prevenção. No entanto, mesmo com tamanha importância, ainda é precária a sua situação de trabalho no Brasil, ocasionando em um elevado número de óbitos entre esses profissionais.
Diante disso, a desinformação ainda é grande. Segundo estudos da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e o Departamento de saúde, somente no primeiro trimestre de 2021, o Brasil foi o país com maior número de mortes entre jornalistas, devido ao coronavírus, além do alto risco de subnotificações.
Ainda segundo essa pesquisa, há registro de 86 óbitos confirmados nos três primeiros meses deste ano, o que significa um aumento de 8,9% de mortes em comparação com 2020, que beirava a média de 8,5% . Somente no início de abril, mais cinco notificações foram registradas, alcançando 169 mortes até o momento.
Marcos Aurélio Silva, jornalista e editor executivo do Jornal Opção relata um pouco sobre sua visão diante do medo instaurado pós-covid:
“O medo vem de todo lugar. Mas creio que na rotina de trabalho o risco maior está na cobertura externa, como por exemplo as entrevistas presenciais, que por mais que se tome cuidados, geralmente requer proximidade física de pessoas com as quais não convivemos ou temos conhecimento o nível de cuidado delas. Há também o risco na cobertura jornalística feita em locais de maior transmissão, como em ambientes hospitalares e do transporte público.”, diz
Apesar do grande pesar com ele e seus colegas de trabalho, Marcos não concorda que o jornalista precisa ser prioridade nas vacinações.
“O grande problema é que a vacina avança a passos lentos, causando uma ansiedade grande. Se as doses fossem disponibilizadas com maior velocidade, os jornalistas, como qualquer outro profissional já estaria se imunizando.”, desabafa
Marcos afirma ainda que apesar da tragédia, ainda é responsabilidade dos jornalistas informar sobre assuntos delicados e importantes para o mundo, como a pandemia do coronavírus e como seres humanos, se afetam emocional e até fisicamente, caso peguem o vírus .
“É impossível não absorver algum sentimento diante de tantas histórias de perdas, cenas de desespero, pedidos de socorro e relatos de medo”, relata.
Cynthia Fernandes, jornalista da Agência Radioweb, afirma que o maior perigo ao jornalista atual é a sua deslegitimação perante a população e desabafa sobre estarem cada vez mais sendo questionados e subjugados como mentirosos. Ela relata ainda da grande exaustão que se instaurou nesses jornalistas que lidam diretamente com as notícias da covid-19:
“O cansaço ficou maior porque não existe trégua. A notícia não para e não parou. Mas fomos invadidos pela necessidade de estar antenados e conectados ainda mais numa situação pandêmica. Acompanhar a tragédia de perto nos adoece. Assim como profissionais da saúde que estão na minha de frente, também noticiamos na linha de frente”, explica
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