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Foto do escritorJessica Mesquita

Mãe de Miguel, morto ao cair do 9º andar, vai cursar direito no próximo ano

Mirtes escolheu direito para ajudar outras pessoas. Que depois do caso recebeu muitos pedidos de ajuda


Mirtes Renata, mãe de Miguel que foi homenageado no Prêmio VIVA 2020. / Foto Reprodução Instagram

A mãe do menino Miguel de 5 anos, morto depois de cair do 9° andar de um prédio do condomínio de luxo em que trabalhava, localizado na área central do Recife, Vai começar no próximo ano sua Graduação em Direito para se tornar advogada. Mirtes Renata Souza Santana, 33, disse que a escolha do curso foi motivada pela luta por justiça pela morte de seu filho, e recebeu muitos pedidos de ajuda de mulheres em situação de vulnerabilidade. 


Após a perda do filho, Mirtes decidiu encontrar forças e transformar a dor em ação.


“Antes, eu pensava em fazer administração a distância, para poder ter tempo de cuidar de Miguel. Agora, com essa tragédia, acabei escolhendo o direito porque senti na pele as injustiças e a morosidade do sistema. Me vi nessa missão de cursar direito para poder ajudar outras pessoas”, disse.


Mirtes contou à reportagem do UOL que já planejava cursar uma graduação de nível superior, na modalidade a distância, para poder conciliar os estudos com os cuidados com filho e com o trabalho como empregada doméstica. O curso de Direito foi escolhido depois que ela perdeu o filho.


O menino morreu ao cair de uma altura de 35 metros do prédio em que Mirtes trabalhava como empregada doméstica para o casal Sérgio Hacker (PSB), prefeito do município de Tamandaré (PE), e Sarí Mariana Gaspar Corte Real, primeira-dama do município, no dia 2 de junho. A queda aconteceu após Mirtes deixar o filho aos cuidados de Sari Corte Real para passear com Mel, a cadela da família que a empregava.


Mirtes conseguiu uma uma bolsa de estudos do programa Educa Mais Brasil que terá parte da sua graduação paga, o restante da mensalidade ela mesma vai pagar, com o emprego como palestrante sobre temas étnicos-raciais e voltados às mulheres, por meio do grupo Curumim, entidade que atua no fortalecimento da cidadania de mulheres, dos direitos humanos e da igualdade étnico-racial e de gênero.


"Essa decisão de me tornar advogada, ao escolher o curso de Direito, me dá força de manter Miguel vivo no meu coração. Lutarei por justiça sempre. Miguel veio com a missão para eu ajudar pessoas que lutam por justiça. Diante de toda essa situação difícil que estou passando, muitas pessoas vêm me pedir ajuda também e isso acendeu essa vontade de ser advogada. Por isso, é importante eu cursar Direito para eu ajudar outras mães que estão precisando de ajuda", destaca Mirtes.



Foto: Júlio Gomes/ leiajáimagens Estadão conteúdo

Caso Miguel


Sobre a investigação do caso, segundo a polícia, a criança saiu do apartamento de Sari para procurar a mãe e foi até os elevadores do condomínio. Imagens das câmeras de segurança mostram que, por pelo menos quatro vezes, a primeira-dama de Tamandaré conseguiu convencer Miguel a sair do elevador social e de serviço. 


No dia da morte de Miguel, Sari foi presa em flagrante por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. Ela pagou uma fiança de R$ 20 mil para responder ao processo em liberdade.


Em 1º de julho, ela foi indiciada pela polícia por abandono de incapaz que resultou em morte. Esse tipo de delito é considerado "preterdoloso", quando alguém comete um crime diferente do que planejava cometer.


O caso ganhou repercussão nacional, com manifestações de políticos e artistas na internet e criação de um abaixo-assinado virtual com mais de 2,5 milhões de assinaturas pedindo justiça.


Durante todo o andamento do caso. Em junho, o Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE) confirmou que a mãe e a avó de Miguel eram contratadas da Prefeitura de Tamandaré. Durante a apuração do caso, foi descoberta outra funcionária-fantasma que prestava serviços particulares à família do prefeito.


No dia 1º de julho, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) entrou com uma ação civil pública contra o prefeito de Tamandaré, Sérgio Hacker (PSB), por improbidade administrativa. É que o gestor contratou a mãe e a avó de Miguel como servidoras públicas, pagas com dinheiro do município, embora elas trabalhassem na casa da família. Hacker tentou se reeleger prefeito neste mês, mas perdeu.





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