Movimento luta pela implementação de parque ecológico em um espaço de 142 mil metros quadrados
Várias florestas do Brasil estão sofrendo com as queimadas e os desmatamento neste ano. A floresta amazônica teve, em agosto, o maior número de queimadas da última década e, em setembro, o Pantanal sofre com uma seca severa. Como a preservação do meio ambiente é o dever de todos, os moradores de Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro, se mobilizaram para criar o Movimento 100% Parque de Realengo Verde.
Atuando de forma não institucionalizada desde 2008, o movimento tem como objetivo garantir a preservação do espaço e implementar um parque ecológico em uma área de 142 mil metros quadrados. Neste território funcionava uma fábrica de cartuchos e os moradores do bairro junto com o apoio do Meu Rio — equipe que acompanha e fiscaliza diariamente o que o poder público está fazendo na cidade — querem transformá-lo em uma opção de lazer sustentável e ambientalmente justo.
No início de setembro, o governador interino, Cláudio Castrou, vetou o projeto de lei (PL 4220/2018) o qual tombava o espaço do parque e preservava de vez uma das últimas áreas verdes urbana de Realengo. O projeto tinha sido aprovado na Alerj com 51 votos de 54 políticos presentes, mas Cláudio Castro desaprovou alegando que o tombamento de um espaço só pode ser feito pelo poder executivo. Segundo a mobilizadora sênior do Meu Rio, Ully Ribeiro, “o movimento está conversando com o poder executivo na tentativa de buscar uma alternativa ao veto visando preservar esse espaço e não permitir que desmatem para construir estacionamentos, por exemplo. Ainda há a possibilidade dos deputados derrubarem o veto governamental e aprovarem a lei de qualquer forma”.
O Movimento 100% Parque de Realengo Verde e o Meu Rio criaram a petição virtual (https://www.parquerealengoverde.meurio.org.br/#block-13288) depois que o prefeito Marcelo Crivella apoiou um projeto de lei complementar, de autoria do executivo, o qual poderia extinguir o espaço verde. A petição possui cerca de 10 mil assinaturas, mas o movimento precisa chegar a 15 mil para poder entregar às autoridades. A mobilizadora sênior explica a importância das pessoas participarem assinando a petição: “Realengo é um bairro quente, populoso, quase sem áreas de lazer. O espaço do parque poderia ser implementado de forma a incentivar o desenvolvimento econômico, social e cultural do local. Por exemplo, o movimento já fez intervenções junto de outros coletivos de sarau no espaço, hortas comunitárias e afins. Imagina o que não poderia ser feito com um pouco de incentivo público?”. Ully Ribeiro acrescentou que “estamos vivendo uma crise climática sem precedentes. No mundo todo estamos falando da emergência climática e não podemos seguir achando normal que espaços verdes que funcionam como verdadeiros ar-condicionados naturais sejam destruídos e desmatados em nome de um possível ‘progresso’”.
Realengo é o quarto bairro mais populoso do Rio. Situado entre o Maciço da Pedra Branca e a Serra do Mendanha, a região costuma registrar as temperaturas mais altas da cidade. Os moradores se queixam pelo bairro ter poucas opções de lazer. Keisse Pereira, de 20 anos, mora no bairro desde criança e afirmou que “Realengo é muito grande e tem vários espaços que poderiam ter sido transformado em áreas de lazer, mas foram perdidos para os interesses imobiliários”. Keisse ainda acrescentou que o bairro está esquecido pelo poder público e questionou: “Como vamos ir para outros bairros nos divertir, se nem ônibus direito temos?”.
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