O depoimento de Mandetta na CPI começou com atraso, porque a sessão virou campo de batalha entre governistas e opositores
O depoimento de Mandetta aconteceu hoje. Ele esteve à frente da pasta entre janeiro de 2019 e abril de 2020. Foi ouvido na condição de testemunha, isso significa que tem o compromisso de dizer a verdade.
Em sua fala, Mandetta disse que "Nós não tomamos nenhuma medida que não tenha sido pela ciência e a ciência é essa, é isso que recomendava. Agora, a posteriori, nós vimos pararem muitas coisas e não colocarem outras no lugar. A testagem é uma delas."
Sobre o isolamento social, ele defendia que “Seria adequado [o isolamento social] por causa do índice de transmissão do vírus. O vírus era muito competente. Estávamos com um sistema que não tinha condição de responder. Doença infecciosa viral é prevenção.”
E sobre Bolsonaro o médico acenou que, “Havia por parte do presidente outro olhar [sobre isolamento vertical], uma outra decisão, um outro caminho que ele decidiu, do seu convencimento, não sei se através de outros assessores, de pessoas que não estavam no Ministério da Saúde. Mas do Ministério da Saúde nunca houve nenhum assessoramento naquele sentido [isolamento vertical] de embasar aquelas metidas. Pelo contrário, era muito constrangedor para o ministro da Saúde que estava indo por um caminho e o presidente por outro.”
Dessa forma, o foco dos senadores é saber se a posição do presidente agravou ou não a situação da pandemia no país.
Em relação à cloroquina, disse que “o Ministério da Saúde fez, após consulta ao Conselho Federal de Medicina e aos conselheiros todos, era para o uso compassivo. O uso compassivo é uma utilização que se faz quando não há outro recurso terapêutico para os pacientes graves, em ambiente hospitalar. A cloroquina é uma droga para uso indiscriminado, sem monitoramento, a margem de segurança dela é estreita. Ela não é aquela coisa assim: se bem não faz, mal também não faz. Como todo medicamento ela tem uma série de reações adversas, ela tem uma série de cuidados e a automedicação com cloroquina poderia ser muito perigosa para as pessoas.”
E ainda afirmou que em uma reunião existia um “um papel não-timbrado de um decreto presidencial para que fosse sugerido daquela reunião que se mudasse a bula da cloroquina na Anvisa, colocando na bula a indicação da cloroquina para coronavírus. E foi inclusive o próprio presidente da Anvisa, [Antônio] Barra Torres que disse não.”
E sobre sua saída, ele afirmou que “Eu não pediria jamais a demissão do cargo. Em situação de pandemia eu tinha um paciente doente. Eu tinha que ficar com meu paciente, baseado no que eu tivesse de melhor. Eu acho que o presidente não gostou, não quis, achou por bem ter outro ministro, o Teich. Depois encontrou um ministro que parece que ele teve maior afinidade nas suas ações [Pazuello]. O meu compromisso era com o meu paciente chamado Brasil e eu não o deixaria em hipótese alguma, mas também não negociaria os valores, não negociaria a formação que eu tenho.”
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