Lei aprovada em Buenos Aires permite despedida de familiares e pacientes com Covid-19

O paciente poderá ter um acompanhante que não seja gestante e que não faça parte do grupo de risco, de 18 a 60 anos e utilizando os equipamentos de segurança

Por Natasha Silveira

Foto: Pexels

Em Buenos Aires, foi aprovada uma lei na última quinta-feira (27) que permite que os pacientes da Covid-19 tenham "direito à despedida". Para que seja evitada uma contaminação, as vítimas ficam sozinhas com os profissionais do hospital onde são internadas e vão a óbito apenas com a presença deles, sem poder ver sua família novamente pela última vez. A Câmara da capital da Argentina aprovou a lei com unanimidade, será permitido que um familiar, com idade entre 18 e 60 anos, possa acompanhar o paciente que estiver em estado grave pela doença.

Além da idade, o acompanhante só poderá realmente permanecer com o paciente se não possuir nenhuma doença pré-existente que o inclua no grupo de risco da Covid-19 e nem que seja gestante. O kit de segurança deverá ser entregue pelo centro de saúde, igual ao que os médicos também utilizam, e haverá auxílio no acompanhamento psicológico.

Em algumas províncias de Buenos Aires já estava sendo proposto que pudesse ocorrer as despedidas entre os pacientes e os familiares, um hospital e uma clínica já haviam liberado o acompanhamento familiar aos pacientes em estado terminal. O governo ainda recomendou que o tema possa ser inserido no sistema de saúde no país todo.

O deputado Facundo Del Gaiso foi o autor desse projeto e diz que apesar dos médicos e enfermeiras acompanharem o paciente em estado terminal, não é o mesmo das pessoas que conviveram durante toda a vida com ele. "Em grande parte do mundo, o novo coronavírus era definido como a doença da solidão. São muitos os casos de parentes que sentem que seus entes queridos morreram porque se sentiram sozinhos", afirmou o deputado ao G1.

Na última quarta-feira (26), a Argentina registrou um novo recorde nos números de casos e mortes pelo país. Foram 10.550 casos confirmados e 237 óbitos. No total, são quase 8 mil mortes e 370 mil casos desde o início da pandemia.