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  • Yngrid Alves

Declarações de Bolsonaro afetam na liberação de insumos da Coronavac vindos da China, diz Dimas Cova

Atualizado: 7 de mai. de 2021

O diretor do Instituto Butantan admitiu que a burocracia em torno da liberação está ‘mais lenta do que seria habitual’ e ‘com autorizações muito reduzidas’

Foto: Ana Paula Paiva/Valor

O presidente do Brasil - onde já registra mais de 400 mil mortes por Covid-19 - Jair Bolsonaro (sem partido), volta a fazer declarações polêmicas sobre a China. O país asiático, que é responsável pela liberação de insumos para a produção da Coronavac, já demonstra insatisfação e resistência ao adiar a data da próxima remessa do dia 10/05 para o dia 13/05.

A informação foi dada pelo diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, que também revelou que o volume inicial seria de 6 mil litros, agora a expectativa é de 2 mil litros. Ele ainda revelou a possibilidade de faltar insumos.

"Essas declarações têm impacto, e ficamos à mercê. Não vamos ter, de fato, condições de entregar. Pode faltar [insumos]? Pode faltar. E aí nós temos que debitar isso principalmente ao nosso governo federal que tem remado contra", disse Covas.

A reportagem da CNN questionou o diretor sobre a possibilidade de atrasos no cronograma e Covas declarou que ‘pode não ter mais vacinas para maio’.

“Embora a embaixada da China no Brasil venha dizendo que não há esse tipo de problema, mas a nossa sensação de quem está na ponta é que existe dificuldade, uma burocracia que está sendo mais lenta do que seria habitual e com autorizações muito reduzidas”, declarou Covas.

Nesta quarta-feira (5), o presidente sugeriu que o vírus da Covid-19 pode ter sido criado pela China como parte de uma “guerra química” e insinuou que o país se beneficiou com a pandemia.

“É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou por algum ser humano [que] ingeriu um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem o que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra?”, disse o presidente em evento no Palácio do Planalto, em Brasília. “Qual o país que mais cresceu seu PIB? Não vou dizer para vocês.”

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já comprovou que o coronavírus não foi criado em laboratório e que tem origem do animal silvestre.

A falta de diplomacia do governo brasileiro em relação à China foi alvo de críticas pelo governador João Doria que questionou o silêncio do Ministério das Relações Exteriores.

“Que Ministério das Relações Exteriores é esse que não faz relações positivas, construtivas, com países, seja pela economia, seja pelo fato de que a China é a principal provedora de insumos para as vacinas?”, questionou o governador.

O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, Omar Aziz, também reprovou os ataques de Bolsonaro à China. “Acho que essa declaração de hoje vai piorar muito. Hoje foi ruim [...] Falou em guerra química. E nós estamos nas mãos deles. Não era a hora de cutucar ninguém”, disse ele.


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