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Da escolinha de futebol aos estúdios EA

Atualizado: 12 de out. de 2020

Robin Coelho conta como a paixão por futebol e games o levou a ser desenvolvedor de uma das maiores empresas do ramo

Foto: Arquivo pessoal/ EA Fifa divulgação oficial

Em entrevista ao Femme News, o carioca Robin Coelho,26, conta toda sua trajetória e os obstáculos que enfrentou para entrar na Eletronic Arts. A combinação da sua paixão entre futebol e games resume seu atual cargo. Integrado na equipe onde desenvolve os títulos da franquia de jogos, uma das produções carro-chefe da EA, FIFA 21, foi lançado recentemente e Robin revela qual título da franquia é o seu favorito.


FN – Quem é Robin?


RC – Meu nome é Robin Coelho, tenho 26 anos, carioca, desenvolvedor de games EA Sport Fifa e amante de esportes.

Por toda minha vida estive conectado aos esportes, especialmente ao futebol. Desde pequeno meu sonho era ser atleta, cheguei a jogar em escolinhas e clubes amadores, porém me faltavam os dons mesmo (risos). E conforme os anos se passavam, mais distante eu ficava desse sonho, até que encontrei uma nova paixão: os games. A partir daí, tracei como meta trabalhar com games e fiz pesquisas a respeito, descobri os cursos necessários, e busquei me especializar tanto na área como também no inglês, que é o principal requisito para quem busca entrar nesse mercado. E é aquilo né: quando se tem um desejo, faz um planejamento pra alcançá-lo e corre atrás, o resultado sempre aparece. E acredito que foi isso que me faltou lá atrás quando o sonho era se tornar jogador. Eu tinha o desejo, até́ treinava, mas não como deveria, e ainda me faltava o planejamento. Então o resultado não poderia ser diferente.

Mas, Deus ainda me reservava uma coisa ainda maior do que eu imaginava. Eu, que até então já havia decidido largar o futebol e focar na carreira de games, mal podia esperar que justamente a minha primeira oportunidade na carreira seria em trabalhar com as minhas duas paixões: futebol + games (risos)



FN – Pelo que vc descreveu na infância vc tinha um sonho de ser atleta e aí ingressou no futebol. Você tem alguma lembrança que te marcou?


RC – O futebol me trouxe ótimas experiências durante a infância, desde viagens para jogar com outras equipes até finais de campeonato. E foi uma dessas finais que me marcou: Eu, por volta de 9 anos, jogando no Cruzeiro, estava escalado como zagueiro para essa partida (eu era gordinho, e como era final, eu seria mais importante na defesa haha) e meu time perdia por 1x0 já no fim do jogo. Eu tomei a bola do rival na defesa e atravessei o campo inteiro até fazer o gol e levar o jogo para os pênaltis. Vencemos e fomos campeões. Cada momento dessa jogada ainda permanece na minha memória como se tivesse sido ontem. Como diz um amigo meu, houve um "forte impacto emocional" que me faz recordar com tanta riqueza de detalhes.

O esporte é uma ferramenta fundamental na vida da criança, pois o ensina a cuidar do corpo e da saúde, ensina a trabalhar em equipe, a respeitar o adversário, a lidar com concorrência, a dar o melhor de si em favor do grupo, a ter responsabilidade...



FN – Vc disse que Deus te reservava uma coisa maior e uniu as duas paixões: futebol + games. Como apareceu essa oportunidade?


RC – Eu estava buscando oportunidades para iniciar a carreira. E vi em um fórum que a EA, uma das maiores publishers de games do mundo, estava com uma oportunidade de trabalho voluntário para o game FIFA. E essa oportunidade exigia apenas o inglês intermediário e a paixão por futebol. A paixão eu tinha, e o inglês eu tinha o Google Tradutor para me ajudar (risos), então não pensei duas vezes. Àquela altura eu ainda não sabia bem o inglês, usava muito o Tradutor para me auxiliar, e logo na inscrição tinham muitas questões que eu nem sabia como responder, mas fiz na fé. Eu sabia que ali seria um grande começo. Algumas semanas depois eu recebo um e-mail dizendo que havia sido aprovado para trabalhar como voluntário no desenvolvimento do FIFA 13. Imagina a alegria (risos).



FN – Acredito que você durante esse tempo teve desafios na profissão. Além do pouco que sabia do inglês houve outros desafios? Se sim, quais?


RC – Eu fiquei dois anos como voluntário. Ganhava apenas experiências, e isso já era essencial para mim. A todo momento eu precisava comunicar em inglês, e isso foi mesmo desafiador no começo. Mas consegui me desempenhar bem, tive algumas contribuições destacadas durante esse período, cheguei a ganhar uma gincana interna aonde criei um design que até hoje é utilizado por todos no sistema da empresa. E pelo bom desempenho e dedicação eu fui contratado pela EA. Foi aí que encarei grandes desafios, pois nunca havia tido experiência direta no desenvolvimento de um game. Nesse tempo eu estava iniciando a faculdade de Ciências da Computação e o curso de Desenvolvimento de Games, pois sempre tive a ambição de crescer na empresa. Mas nem tudo eram flores, e eu acabava ficando extremamente sobrecarregado com as demandas e curtíssimos deadlines, além dos trabalhos e provas da faculdade e do curso. Era uma loucura, e eu não conseguia me dedicar a todos ao mesmo tempo.

Foi então que eu aproveitei uma situação na faculdade, e decidi manter minha bolsa trancada (tá até hoje haha). Com isso eu pude me dedicar ao curso e ao trabalho com o FIFA.

Foto: Arquivo pessoal

FN – Vi que vc ajudou a desenvolver o Fifa 15, 16, 17, 19 e agora o 21 para mobile. Qual desses você se sente mais realizado?

RC – FIFA 15, 16, 17, 19, 20 (mobile) e essa semana renovei contrato pra trabalhar no 21 (que lança semana que vem)* e no 22. Eu me senti mais realizado no FIFA 15. Foi a primeira vez que meu nome apareceu nos créditos do jogo. Eu tinha muito orgulho em abrir o jogo e ver cada parte que eu havia trabalhado ... orgulho de ver outras pessoas jogando e elogiando nos fóruns e sites... tudo isso me fez sentir realizado. Só de imaginar que 30 milhões de pessoas ao redor do mundo estão desfrutando de algo que você fez, traz uma sensação única de realização.

*entrevista realizada antes do lançamento do jogo



FN – E qual desses você mais gosta de jogar?


RC – Então, eu particularmente jogo muito pouco. Engraçado isso, mas é muito comum em nosso meio. Depois que o desenvolvimento do jogo é concluído, geralmente jogamos apenas nos primeiros meses, e depois a gente dá uma parada pois logo inicia o desenvolvimento da próxima edição. Mas o que mais gostei foi o FIFA 20 por conta das melhorias e adições. O 21 estará ainda melhor.



FN – Durante a profissão você teve algum momento de superação?


RC – Meu momento de superação foi durante o meu "break". Que é uma norma da empresa, onde após trabalhar 3 anos seguidos, eles encerram o contrato e você é obrigado a ficar pelo menos 1 ano de fora. Foi por isso que não participei do FIFA 18. Nessas situações muitos não são chamados de volta, e já havia passado meu período de 1 ano sem haver tido nenhum contato. Eu apenas via anunciarem vagas e contratarem outras pessoas novas. Então naquele momento eu decidi atuar novamente como voluntário, me dedicando mesmo sem ganhar nada. E o esforço trouxe o resultado: fui recontratado pela empresa, recebendo ainda mais do que na primeira vez.



FN – Com tudo que você já passou e tem passado, pode dizer que se sente realizado?


RC – Sim, me sinto realizado. Deus me permitiu trabalhar com as coisas que eu amo desde pequeno. Aprendi muito nessa caminhada, errei, acertei, cresci ... e sei que tudo fez parte de um grande plano. E nesse momento estou apenas no começo dele, pois sei que coisas muito maiores ainda irão acontecer.



FN – Seus hobbies?


RC – Então, hoje em dia, por conta da pandemia, meus hobbies têm sido ler livros, ouvir músicas e curtir um tempinho com a família. São coisas que faço todo dia. Mas uma vez ou outra dou umas fugidas para jogar bola com os amigos.

Foto: Arquivo pessoal

FN – Uma frase?


RC – A frase que me representa é na verdade um versículo: "Tudo posso naquele que me fortalece". (Filipenses 4:13)



FN – Há muitos jovens que estão ingressando no mercado de trabalho atrás dos seus sonhos.

Diante da sua história, qual conselho você deixa para as pessoas que estão procurando atingir os seus objetivos?

Foto: Arquivo pessoal


RC – A distância entre você e seu sonho, é a ação. Planeje, pesquise sobre o que é necessário pra você alcançar seus objetivos e então corra atrás. Vá para cima, pois você nasceu para ser grande. Deus te fez à imagem e semelhança dEle. Não aceite ser menos que isso. Na sua trajetória terão pessoas que irão tentar te puxar para baixo, te fazer desistir do que você acredita, mas não dê ouvidos, não desista. A realização do seu sonho só depende de você.


O FIFA 21 já está disponível, confira as novidades exclusivas que o jogo oferece aos assinantes do EA Play.


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