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  • Nadja Abrahão

Covid-19: Brasil avalia aplicação de terceira dose em idosos

Ministério da Saúde já admite necessidade da dose extra, como vem acontecendo em países como Israel, Chile e Estados Unidos

Foto: Pexels

A aplicação de uma terceira dose na população brasileira foi tema de debate em uma reunião da Comissão Temporária da Covid-19, realizada na última segunda-feira, 16, no Senado. A secretária de Enfrentamento à Covid-19 do Ministério da Saúde, Rosana Melo, avaliou que, com o tempo, a proteção das vacinas pode estar diminuindo e, por isso, a possibilidade de uma dose de reforço se faz necessária.


“Em determinadas faixas etárias, para determinados imunizantes, realmente está diminuindo essa proteção”, disse Rosana. “Temos estudos preliminares, porém esses estudos ainda não foram publicados, são discussões internas, nem podemos publicizar tanto, em respeito aos pesquisadores. Já estamos tomando decisões a nível de gestão, o que fazer, planejar, quantificar esses grupos que por ventura precisam (da terceira dose).” Nas últimas semanas, casos de internação e morte de idosos vacinados com as duas doses, parece ter ligado um sinal de alerta e Governos já se mobilizam para eventual aplicação da terceira dose do imunizante, como vem acontecendo em países como Israel e Chile. Na semana passada os Estados Unidos autorizaram a aplicação de terceira dose da Pfizer e Moderna em pacientes imunodeprimidos, ou seja, pessoas cujos mecanismos normais de defesa contra infecções estão comprometidos, como pacientes com HIV ou câncer.

Outro agravante para os aumentos de casos de reinfecção são as variantes em circulação no país. A variante Delta aparece em 56,6% das amostras colhidas no Estado do Rio de Janeiro. Na Ilha de Paquetá, a vacinação com a terceira dose foi anunciada para idosos. A ilha tem 86% dos moradores acima dos 12 anos vacinados com as duas doses e vacinados com apenas a primeira dose chegam a 96,7%, resultado do estudo Paquetá Vacinada, em parceria com a Fiocruz.


Margareth Dalcomo, pesquisadora da Fiocruz, também participou da reunião no Senado e apontou que dados mostram aumento da internação de idosos. “Já observamos, nos últimos 10 dias, aumento da demanda por hospitalizações. Tínhamos parado de hospitalizar pacientes idosos e voltamos a hospitalizar. A grande maioria dos que estão sendo hospitalizados foram vacinados com duas doses da Coronavac", disse. Para a pesquisadora, os grupos prioritários para a aplicação da dose extra seriam pessoas acima de 70 anos vacinadas com imunizantes de vírus inativado, profissionais de saúde e pessoas com imunodeficiências. O Estado do Mato Grosso do Sul também já se mobiliza pela terceira dose, resta apenas o aval do Ministério da Saúde. “O porcentual de mortes de idosos tem aumentado significativamente nos últimos tempos”, disse o secretário da Saúde do Mato Grosso do Sul, Geraldo Resende. O Estado já vacinou com pelo menos a primeira dose, todos os habitantes com mais de 18 anos e espera vacinar com dose de reforço idosos acima de 90 anos nas próximas semanas. Para os epidemiologistas, a aplicação de uma terceira dose deve começar apenas quando toda a população acima dos 18 anos estiver completamente vacinada, pois dessa forma, o número de casos de infecção sofreria baixa. Mas, para Julio Croda, infectologista e pesquisador da Fiocruz, o avanço da variante Delta, prejudica essa avaliação, já que a nova cepa tem sido transmitida com facilidade entre os que estão vacinados. Ou seja, mesmo vacinados, os mais jovens mantêm o risco de transmissão para idosos.

Algumas questões sobre a dose extra, porém, continuam em análise, como quais imunizantes poderão ter a terceira dose e se uma pessoa poderá tomar uma vacina de reforço diferente da vacina aplicada nas doses anteriores. Procurado pelo Estadão, o Ministério da Saúde se limitou a dizer que "acompanha estudos sobre a efetividade das vacinas covid-19", sem dar maiores detalhes.


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