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Foto do escritorCarolina Gandra

Aumento da síndrome de burnout na quarentena

Atualizado: 14 de out. de 2020

De acordo com as especialistas entrevistadas pela equipe do Femme News, o home office na quarentena pode agravar o risco de desenvolver a síndrome


Por Carolina Gandra

Foto: Luis Villasmil/Unsplash

A síndrome de burnout é um transtorno psíquico no qual o indivíduo sofre pelo estado de esgotamento mental, emocional e físico ao ser exposto a um ambiente de trabalho exaustivo. A principal causa do desenvolvimento da síndrome é o excesso de trabalho.


Segundo dados da International Stress Management Association no Brasil (Isma-BR), 70% dos profissionais brasileiros sofrem com algum grau de estresse. Dentro dessa estatística, 30% são diagnosticados com a síndrome de burnout.


No home office, em meio à pandemia, o número de vítimas da síndrome de burnout pode ter um grande aumento, segundo especialistas no assunto. Portanto, a equipe do Femme News entrevistou duas especialistas para tirar dúvidas comuns: a psiquiatra geral Maria Amália Pedrosa e a psicóloga Letícia Rodrigues Alvarenga.


A síndrome de burnout pode ser mais desenvolvida na quarentena?


De acordo com Pedrosa, o trabalho remoto durante o período de isolamento social pode favorecer o desenvolvimento da síndrome: “Na quarentena, nos deparamos com a prática do home office, não delimitando assim os ambientes de trabalho, atividades da vida diária e lazer”.


A psiquiatra afirma que existem algumas queixas comuns dos pacientes neste período de pandemia: • Adaptação ao home office;

• Conciliar rotina do trabalho com cuidado integral dos filhos pela suspensão das aulas;

• Mudanças constantes de orientações sanitárias;

• Uso da internet como ferramenta de trabalho para reuniões, consultas e aulas virtuais (não sendo esse uma rotina para muitos).


Há profissionais que correm mais riscos de desenvolver a síndrome?


Pedrosa afirma que profissionais necessitados de interação direta com pessoas e serviços são mais propensos a desenvolver a síndrome: “A 11ª edição da Classificação Internacional de Doenças não limita a ocorrência a profissões específicas, entretanto, há descrição maior em profissões que exigem interação direta com pessoas e serviços, como profissionais da saúde, policiais, professores.”


A psiquiatra também explica que “fatores individuais como traços de personalidade de cada trabalhador são relevantes, mas estudos mostram características organizacionais consideradas mais importantes na exaustão profissional”.


A psicóloga Letícia Rodrigues Alvarenga ressalta: “mulheres com dupla jornada e cuidadores, remunerados ou não, também possuem alto risco para desenvolver a síndrome.”


Como identificar que um familiar ou amigo tem a síndrome?


Alvarenga lista alguns sintomas que são considerados sinais de alerta:

• Cansaço excessivo, físico e mental;

• Dor de cabeça frequente;

• Alterações no apetite e problemas gastrointestinais;

• Insônia, fadiga, pressão alta, dores musculares e alteração nos batimentos cardíacos;

• Dificuldade de concentração, isolamento e alterações repentinas de humor;

• Sentimentos de fracasso, insegurança, desesperança e incompetência;


A psicóloga ressalta que é “importante lembrar que normalmente esses sintomas se apresentam de forma leve e vão aumentando com o tempo, o que pode dar a impressão de ser algo passageiro.”


Pedrosa afirma que frases como “estou esgotado(a)” ou relacionadas a não estar “dando conta” das tarefas são comuns entre os pacientes.


É possível realizar o tratamento à distância durante a pandemia? Como é o tratamento?


De acordo com Pedrosa, o tratamento contra a síndrome de burnout foi autorizado durante a pandemia, sendo possível realizar o atendimento à distância como orientações, encaminhamento, prescrição e monitoramento por meio de assinatura digital.


Ela complementa que, além disso, “o tratamento deve ser individualizado, de acordo com o contexto do paciente e seu histórico prévio de outros transtornos. Entretanto, a base consiste em psicoterapia, mudanças no estilo de vida, focando nos fatores identificados como mantenedores do estresse, e por vezes faz-se necessário o uso de medicamentos”.


Quais são as dicas para evitar a síndrome durante o isolamento social?


A psiquiatra Maria Amália Pedrosa listou algumas dicas para evitar a síndrome de burnout:


1. Organizar um espaço específico da casa para o trabalho, que seja o mais calmo e silencioso possível, tentando evitar a realização de tarefas na cama, por exemplo;

2. Organizar seus horários ao longo do dia: com uso de agendas ou mesmo aplicativos, delimitando assim as horas do dia dedicadas ao trabalho e as horas para afazeres domésticos. A organização permite uma sensação maior de controle;

3. Faça pausas e tente manter o máximo da sua rotina anterior à pandemia, mantendo horário para refeições, para prática de exercícios físicos, meditação e sono;

4. Filtre as informações: recebemos notícias de várias fontes e por vários meios. Tente filtrar as fontes e o tempo dedicado a receber informações, siga as instruções de fontes confiáveis e fique longe das fake news que só reforçam os sintomas ansiosos;

5. Por fim, é preciso repetir que o isolamento físico não precisa causar um isolamento social: as interações por telefone e online mantêm um senso de conexão. Mantenha contato com pessoas importantes, fale sobre suas experiências, use as teleconsultas para não interromper tratamentos e a possibilidade de ser avaliado(a) de forma precoce.


Em caso de sintomas, é recomendável procurar atendimento com um psicólogo ou psiquiatra.


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