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Foto do escritorMayara Beani

Além da Covid: como os casos de Tuberculose foram afetados pela pandemia

Subnotificação e baixa testagem resultou em queda de 9,5% no número de casos da doença em 2020

Reprodução: OPAS

Foi em 11 de março de 2020, dia em que a OMS declarou a pandemia do Covid-19 - termo utilizado quando uma doença se espalha por vários continentes com transmissão contínua – e mais de um ano depois, ainda vivemos as restrições impostas pelo “Novo Coronavírus”, o causador da infecção que ataca principalmente o sistema respiratório, com alta taxa de transmissão, cuja principal forma de contágio é o contato direto com pessoas contaminadas, o Covid-19 é transmitido pelas gotículas de saliva, pela tosse ou pelo espirro.

E desde então para alguns fica a sensação de que esta é a única doença circulando em nosso país, só se fala de Covid-19, o verão passou e quase não ouvimos notícias sobre a Dengue, o Zica e a Chikungunya. Mas como o Femme News noticiou na última semana, elas estão por aí e em estado alarmante.


Em se falando de sazonalidade, no Brasil acabamos de entrar nas estações frias e com elas, vêm os surtos de doenças sazonais como a Influenza e a Tuberculose. Ambas caracterizadas por atingir principalmente o sistema respiratório, com alta taxa de transmissão, cuja principal forma de contágio é o contato direto com pessoas contaminadas, sendo transmitidas pelas gotículas de saliva, pela tosse ou pelo espirro, notou a semelhança? A similaridade entre os sintomas e forma de contágio, dificulta o diagnóstico e o tratamento, colaborando assim, para o aumento dos casos ao longo dos anos.


A tuberculose


Transmitida pelo Mycobacterium tuberculosis, o bacilo de Koch, e o ser humano se comporta como uma espécie de reservatórios do bacilo, e o transmitem pela proximidade com pessoas infectadas, principalmente pela saliva, dessa maneira os ambientes fechados e pouco ventilados favorecem o contágio, bem como o compartilhamento de objetos pessoais como toalhas, copos e talheres.

A doença evolui quando o bacilo se aloja no pulmão, a pessoa não consegue bloquear o bacilo que se divide e prolifera e provocando uma reação inflamatória muito intensa em vários tecidos a sua volta. O pulmão reage a essa inflamação produzindo muco e surge a tosse com catarro, e em casos mais graves com a presença de sangue.

Imagem: Mayara Beani

Esta doença tem prevenção e cura. A “BCG” (Bacilo de Calmette e Guérin) protege contra as formas graves da doença e é aplicada em crianças menores de 5 anos. O Tratamento por sua vez é através de medicação, e pode durar de 3 a 6 meses, o grande risco é o abandono precoce dos medicamentos, e a consequente seleção de colônias de bactérias resistentes aos medicamentos, tornando mais difícil a cura.

Fatores como a desnutrição, alcoolismo, uso de drogas ilícitas e de medicação imunossupressora aumentam o risco de contrair a doença, bem como portadores do vírus HIV e doenças como a diabetes, tem maior tendência a desenvolver as formas graves da doença.

As estatísticas da tuberculose no Brasil


Conforme boletim epidemiológico emitido pelo Ministério da Saúde em março de 2021, “o Brasil continua entre os 30 países de alta carga para a Tuberculose e para coinfecção Tuberculose-HIV, sendo, portanto, considerado prioritário para o controle da doença no mundo pela Organização Mundial de Saúde (OMS)”.


Os índices de tuberculose apresentaram crescimento entre 2017 e 2019, porém em 2020, contrariando a série histórica, apresentou queda. Em 2019 foram 73.864 casos registrados contra 66.819 em 2020, o que representa uma queda de 9,5%. Em paralelo, o boletim aponta também uma diminuição de 14% no consumo de cartuchos de teste rápido molecular para tuberculose (TRM-TB) – usado no diagnóstico da doença - quando comparado o ano de 2020 à 2019, e uma queda de 16% na notificação de novos casos.


O dado soa alarmante, podendo não se tratar de uma queda real, mas sim do impacto causado na testagem e diagnóstico da Tuberculose, em virtude da sobrecarga dos sistemas de saúde e das ações de enfrentamento à Covid-19, com impacto, sobretudo, na qualidade dos dados.



Reprodução: Boletim Epidemiológico Especial Tuberculose – mar/2021. Ministério da Saúde

Os casos mais graves de Tuberculose, assim como a Covid-19 também levam à morte. Em 2019, antes da pandemia de covid-19, foram registrados 4.532 óbitos em decorrência da tuberculose, o que equivale a um coeficiente de mortalidade de 2,2 óbitos/100 mil hab. (os dados de mortes por tuberculose em 2020 ainda não foram divulgados), já a Covid-19, matou só em 2020 191.735 pessoas, totalizando mais de 440 mil mortos até 20 de maio de 2021.


A grande diferença no número de mortes entre as duas doenças deve-se principalmente, como citado anteriormente à existência de vacina contra a tuberculose, e tratamento comprovadamente eficaz, dessa maneira, enquanto a vacina da Covid-19 não estiver disponível para todos, ela continuará sendo a principal notícia.


2 comentários

2 Comments


Donny Beani
Donny Beani
May 21, 2021

Infelizmente enquanto a pandemia não for controlada, as outras doenças continuarão sendo esquecidas.


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Isabela Firmo
Isabela Firmo
May 20, 2021

todo dia eu aprendendo mais com esse jornal

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